
Após as mensagens extraídas do celular do tenente-coronel Mauro Cid revelarem críticas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), aliados de Jair Bolsonaro (PL) e principalmente de seu filho foragido nos Estados Unidos, Eduardo, se preocupam pela falta de apoio recebido por sua esposa. Nesse cenário, o núcleo mais próximo ao deputado licenciado teme que a campanha de Michelle seja insustentável para as eleições de 2026.
Nas conversas obtidas pelo Uol, Cid afirma preferir o presidente Lula (PT) a Michelle na disputa presidencial e sugere haver “muita coisa suja” que poderia ser usada contra ela.
As revelações causaram mal-estar no entorno bolsonarista, especialmente pela ausência de defensores de Michelle entre parlamentares da direita. Nem mesmo a demissão de Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secom do governo Bolsonaro que também desaprova a ex-primeira-dama, mobilizou apoios significativos à ex-primeira-dama.
Para aliados de Eduardo, segundo Bela Megale, do Globo, a falta de reação da base parlamentar à crise demonstra que Michelle não é nome consensual na direita. O deputado licenciado avalia que os únicos apoios sólidos da madrasta seriam Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e o pastor Silas Malafaia.
Eduardo tem trabalhado nos bastidores para enfraquecer tanto Michelle quanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) como alternativas presidenciais, defendendo que o capital político da família deve ficar com os filhos de Bolsonaro.
Seu autoexílio nos EUA, onde busca sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é visto por ele como trunfo para sua própria candidatura.
“Prefiro o Lula”
Em troca de mensagens com Wajngarten em janeiro de 2023, após ler reportagem sobre Michelle como possível candidata, Cid foi direto: “Prefiro o Lula”.
Em áudio posterior, o militar foi ainda mais contundente: “Se dona Michelle tentar entrar pra política, num cargo alto, ela vai ser destruída, porque eu acho que ela tem muita coisa suja… não suja, mas ela né, a personalidade dela, eles vão usar tudo contra pra acabar com ela”.
Os diálogos também revelam tensões anteriores. Em dezembro de 2022, Michelle acusou Cid de vazar informações contra ela: “Agiu rápido né”, escreveu a ex-primeira-dama em mensagem que o militar compartilhou com o coronel Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro.
Se até os bolsonaristas preferem o Lula, imagina os humanos.
PREFIRO O LULA pic.twitter.com/n0kbAdFy0b— Amante de Ditaduras (@rodrigodba1024) May 16, 2025
Michelle nas pesquisas
Enquanto Eduardo trabalha com a possibilidade de pouco apoio para sua madrasta, as pesquisas mostram Michelle como nome competitivo da direita contra Lula em 2026. Segundo a Paraná Pesquisas, a ex-primeira-dama teria 40,2% dos votos contra 43,8% dos de Lula.
Os votos brancos, nulos e daqueles que não escolheriam nenhum candidato totalizaram 10,7%, com 5,3% dos entrevistados indecisos ou sem opinião formada.
Em um cenário em que Michelle Bolsonaro concorre sem o apoio direto de Jair Bolsonaro, ela alcançaria 39,1% das intenções de voto, enquanto Lula manteria 44,3%.