Mural de Bashar al-Assad, presidente sírio, cravejado de balas em Aleppo, na Síria – Foto: AFP

No turbilhão dos acontecimentos na Síria, é essencial analisar como o regime de Bashar al-Assad conseguiu se manter no poder por tanto tempo, em vez de apenas questionar por que caiu.

O apoio militar decisivo de Rússia, Irã e Hezbollah foi fundamental, mas eventos recentes como a guerra na Ucrânia, a crise econômica no Líbano e os acontecimentos pós-7 de outubro enfraqueceram a presença desses aliados no território sírio.

A família Assad domina a Síria há 52 anos, marcada por repressões e massacres, incluindo intervenções no Líbano.

Enquanto Hafez al-Assad sustentava princípios nacionalistas, Bashar, nos anos 2000, implementou reformas neoliberais que agravaram a pobreza nas áreas rurais, forçando migrações para as cidades. Não por acaso, Aleppo foi uma das cidades mais devastadas durante o conflito.

Combatentes da oposição na Síria rasgam um retrato do presidente Bashar al-Assad no centro de Aleppo

A perspectiva de uma transição para a democracia é remota, sendo mais provável o surgimento de outra ditadura.

Essa instabilidade pode gerar novos “blowbacks” contra Estados Unidos e Israel, que apoiaram grupos opositores facínoras.

O cenário sírio tende a se assemelhar ao da Líbia, com uma guerra civil permanente e sem grupos capazes de estabelecer um governo de base nacional.

Contudo, a posição geográfica da Síria, cercada por vizinhos que disputam sua influência, pode agravar ainda mais a situação.

As monarquias do Golfo desempenharão um papel decisivo nesse contexto.

É provável que se posicionem ao lado do Irã, intensificando as dinâmicas regionais de disputa pelo controle do país. Essa aliança deve ser acompanhada com atenção, dada a influência que essas monarquias exercem na política e na economia do Oriente Médio.

Outro aspecto relevante é o legado do regime de Bashar em relação à causa palestina. Durante seu governo, a posição da Síria foi, no mínimo, ambígua. Durante as revoltas, a maioria dos grupos palestinos manifestou oposição a Bashar, expondo divisões internas que podem moldar os próximos passos na região.

O futuro da Síria, ao que tudo indica, será de instabilidade prolongada, marcado por intervenções externas e conflitos internos que refletem as tensões históricas e geopolíticas do Oriente Médio.

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Last Update: 08/12/2024