
O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, tentou estabelecer um canal de diálogo com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos dias que antecederam sua prisão, em 4 de agosto. O objetivo da aproximação era discutir a escalada de tensões entre o Judiciário brasileiro e o governo estadunidense de Donald Trump, que havia incluído o ministro Alexandre de Moraes na lista de sanções da Lei Magnitsky.
Segundo Malu Gaspar, do Globo, quatro aliados próximos a Bolsonaro afirmaram que ele chegou a mencionar um possível encontro com Gilmar Mendes no próprio dia em que foi preso.
No entanto, fontes próximas ao ministro afirmam que, embora tenha sido sondado por intermediários, considerou inviável qualquer reunião formal naquele contexto. “Foi sondado por emissários, mas seria impossível se reunir com o ex-presidente naquela circunstância”, declarou Gilmar a interlocutores.
A tentativa de mediação teria sido articulada pelo governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), figura que mantém relações tanto com o ministro quanto com o ex-presidente. As conversas preliminares incluíam uma exigência do decano do STF: que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) cessasse os ataques públicos contra o Supremo, estabelecendo o que seria um “pacto de silêncio”, condição que não foi atendida.

O momento das negociações coincidiu com o ápice da crise institucional, quando o governo Trump já havia suspendido vistos de oito ministros do STF e ameaçava ampliar as sanções. A inclusão de Moraes na lista Magnitsky em 30 de julho e a iminente prisão de Bolsonaro criaram um cenário de extrema polarização, no qual Gilmar Mendes tentou se colocar como mediador informal.
Conhecido por suas habilidades políticas e por manter abertos canais com diferentes setores, o decano do STF vinha atuando discretamente para reduzir as tensões.
Durante o governo Bolsonaro, chegou a indicar seu chefe de gabinete para o Cade, demonstrando capacidade de diálogo com o então presidente. Contudo, a decisão de Alexandre de Moraes de decretar a prisão domiciliar de Bolsonaro e restringir seus contatos externos interrompeu qualquer possibilidade de aproximação.
Com o ex-presidente agora impedido de usar telefones e com comunicação limitada a seus advogados, os canais de diálogo permanecem fechados.