
A Câmara dos Deputados aprovou ainda na quarta-feira (10) a suspensão por seis meses do mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ). O placar foi de 318 votos a 141, com 3 abstenções, após a aprovação de uma emenda apresentada pelo PT que substituiu a cassação, defendida pelo Conselho de Ética, pela suspensão temporária. A decisão foi formalizada com a promulgação da Resolução 32/25.
A acusação apresentada pelo Novo afirmava que Glauber havia quebrado o decoro parlamentar ao expulsar, com empurrões e chutes, o influenciador Gabriel Costenaro, então integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), das dependências da Câmara, em abril de 2024.
O episódio foi filmado e usado como base da representação. O deputado explicou que reagiu a uma perseguição contínua e a agressões morais contra sua mãe, que enfrentava estágio avançado de Alzheimer e estava internada na época. Ela faleceu poucos dias após o ocorrido.
“Ação destemperada de quem aguentou por sete vezes consecutivas um provocador vindo atrás de mim nos espaços públicos e dizendo tudo o que disse de minha mãe”, afirmou no plenário.
Em discurso emocionado, Glauber disse que sua postura ao longo do mandato permanece coerente com suas convicções. Para ele, a tentativa de cassação não estava relacionada ao episódio, mas às suas críticas sobre o orçamento secreto e ao funcionamento das emendas parlamentares.

“Não vou fingir aquilo que não sou. (…) Essa tentativa de cassação não tem absolutamente nada a ver com o chute na bunda dado no provocador, mas eu espero que ele (Lira) seja responsabilizado”, disse, associando o processo às denúncias apresentadas contra o ex-presidente da Câmara por irregularidades com o orçamento secreto.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, defendeu o marido e questionou como outros parlamentares reagiriam sob circunstâncias semelhantes.
“Imagine se um adversário político seu contrata alguém para ir atrás de você no momento que você está mais fragilizado. Não acham que aprovar a cassação do Glauber vai estimular novos provocadores profissionais a fazer isso?”, questionou.
O relator no Conselho de Ética, Paulo Magalhães (PSD-BA), evitou retomar os argumentos da acusação e afirmou que cabia ao plenário confirmar o que já havia sido analisado. Já o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), defendeu a cassação pelo “conjunto da obra”.
Kim Kataguiri (União-SP), que integra o MBL, declarou que agressões físicas não podem ser relativizadas, mas apoiou a pena alternativa por considerar que ainda assim representaria punição adequada. “Qualquer deputado que agrida, que expulse um cidadão a pontapés desta Casa precisa ser punido”, afirmou.
A líder do PSOL, Talíria Petrone (RJ), agradeceu o apoio de parlamentares de centro e direita que votaram pela suspensão. Ela criticou, porém, a adoção do sistema de votação remota. “O precedente que se abre é gravíssimo”, disse, ao mencionar que deputados fora de Brasília decidiram sobre um mandato dado por 75 mil eleitores.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rebateu e afirmou que o modelo semipresencial amplia a participação parlamentar. “A alteração do regime de funcionamento da sessão revela-se medida legítima”, declarou.