A cada conclave, grupos articulam a eleição de cardeais “papáveis” no Vaticano, mas as conversas ocorrem antes mesmo do início do processo. Os “pope makers” (“criadores de papas”) atuam como uma espécie de “cabo eleitoral” para convencer os indecisos.
“Para cada grupo de cardeais existe um ‘pope maker’, que se articula e ajuda os indecisos”, explica o vaticanista Mirticeli Medeiros em entrevista ao podcast “O Assunto”, do g1. Ele conta que esses personagens atuam para promover determinadas alas da Igreja Católica.
Os “pope makers” se reúnem com os cardeais nas Congregações Gerais, encontros para discutir temas diversos sobre a Igreja que terminam ao meio-dia. As articulações políticas em torno de diferentes nomes começam nessas cerimônias.
“A reunião pré-conclave, de fato, acontece à tarde, quando os cafés informais começam a se estruturar”, explica Mirticeli. “Existe toda essa essa articulação, nos cafezinhos, nas Congregações Gerais, dos cardeais que falam a mesma língua, ou do mesmo país, ou do mesmo continente”, prossegue.
O mesmo ocorreu com o papa Francisco, que foi apoiado pelo cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga, “um homem extremamente influente, hondurenho, que conseguiu levar o seu nome adiante”, de acordo com o vaticanista. O religioso se manteve como conselheiro do pontífice e era um representante da ala progressista.
Ao entrar na Capela Sistina, os cardeais costumam escolher cinco possíveis “papáveis”. “Se existir uma divisão, ela provavelmente não foi completamente sanada nas reuniões do pré-conclave”, diz Mirticeli, apontando que os votantes deixam claras suas expectativas para a escolha em, no máximo, três dias.
“Estamos falando de um processo eleitoral comum. Claro, a gente não tá falando de uma interpretação, não tá trazendo aqui uma interpretação teológica do conclave, que as pessoas acreditam que o Espírito Santo conduz”, completa o vaticanista.
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