A cidade de Framingham, em Massachusetts, conhecida pela grande presença brasileira, tem vivido mudanças significativas desde o endurecimento das políticas migratórias de Donald Trump. Com cerca de 72 mil habitantes, estima-se que até 25 mil sejam imigrantes do Brasil.
Desde janeiro, comerciantes brasileiros relatam queda acentuada nas vendas. O receio de imigrantes indocumentados em circular pela cidade afeta diretamente o funcionamento de estabelecimentos geridos por estrangeiros. Segundo Áquila Menezes, que comanda uma empresa de turismo local, o medo tem impulsionado a venda de passagens só de ida para o Brasil. “Vendemos muita passagem para gente com tornozeleira”, relatou.
A prefeitura de Framingham tem promovido encontros com empresários e distribuído guias para informar imigrantes sobre seus direitos. Mesmo assim, a tensão é visível. Há casos de clientes atendidos nos fundos dos salões de beleza para evitar que sejam vistos, além de denúncias de presença intimidatória de agentes da imigração em restaurantes brasileiros da região.
De acordo com a Diáspora Brasil, imigrantes brasileiros contribuíram com US$ 8 bilhões ao produto estadual bruto de Massachusetts em 2022. Governador Valadares, em Minas Gerais, é origem de muitos imigrantes da região, fruto de uma conexão histórica com o estado americano desde a Segunda Guerra Mundial – cerca de 16,5% dos brasileiros que vivem nos EUA estão em Massachusetts.
Vanda Alves, que vive nos EUA há 27 anos, diz que o movimento em seu salão caiu drasticamente. “Diminuiu demais o fluxo, caiu cerca de 80%”, afirma.
Já Enivanda Fernandes, cozinheira em um restaurante brasileiro, relata que agentes de imigração sentam nas mesas do local por horas, afastando os clientes. Ambas estão em situação legal, mas veem de perto o impacto causado pela política de Trump.
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