
O agente da Polícia Federal Wladimir Soares, investigado por participação em uma trama golpista, espionou o delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pela coordenação da segurança da cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022. A informação, divulgada pelo g1, consta em relatório da Polícia Federal encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o documento, Soares teria enviado uma foto do delegado ao então assessor especial da Presidência no governo Jair Bolsonaro, Sérgio Rocha Cordeiro. Ainda de acordo com a PF, Cordeiro seria o elo de ligação do agente com o núcleo palaciano envolvido na tentativa de golpe.
Além disso, Wladimir repassou a Cordeiro informações sigilosas, como dados e localização do sargento reformado Misael Melo da Silva, também integrante da equipe de segurança de Lula. As informações teriam sido obtidas por meio de contatos com policiais da força tática que atuavam na operação.
O agente é acusado de vazar informações estratégicas que faziam parte do plano batizado como “Punhal verde-amarelo”, que previa ações contra a segurança do presidente eleito — incluindo uma possível tentativa de assassinato.
Perícias realizadas pela PF em aparelhos apreendidos de Wladimir revelaram áudios no WhatsApp que mencionam a existência de um grupo armado com intenção de prender ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes. Em um dos áudios, o agente chega a afirmar que o grupo estaria disposto a “matar meio mundo” se fosse necessário.
“A gente ia matar meio mundo de gente, a gente tava preparado para isso .” Novos áudios do agente da PF, Wladimir Soares, preso pela tentativa de golpe de estado de 2022, trazem detalhes chocantes da trama, que confirmam os planos para assassinar autoridades e o apoio do… pic.twitter.com/I0ju6fyL4k
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) May 15, 2025
Wladimir também criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por, segundo ele, ter “recuado” e não autorizado ações mais agressivas para impedir a posse de Lula. O relatório ainda aponta conversas entre o agente e o delegado Flávio Rodrigues Calil Daher, da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal. Em 22 de dezembro, Soares afirmou:
“Professor Calil, meu irmão, boa noite. Meu filho, se as coisas mudarem lá para frente e por um acaso um desses ministros do STF forem ser presos, principalmente Alexandre de Moraes, pode saber que o senhor vai ser convocado para estar numa equipe desta, caso a Polícia Federal venha a fazer isso, certo? E o senhor estando numa equipe dessa, eu gostaria muito de estar na sua equipe, viu? Para fazer sua segurança”.
O delegado Calil respondeu: “Grande Wladimir! Estaremos eu e você!”
A investigação confirmou que Wladimir foi designado para atuar na posse presidencial de 2022, coordenando a segurança fixa dos hotéis que hospedavam autoridades. No mesmo ano, ele também teria sido convidado para integrar uma equipe de segurança no Palácio do Planalto e para proteger Jair Bolsonaro, caso o então presidente se recusasse a entregar a faixa presidencial.
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