O policial civil que ameaçou a apresentadora Natuza Nery, da GloboNews, mentiu durante a confusão em um supermercado de São Paulo na última segunda-feira (30). Segundo a coluna de Fábia Oliveira, do Metrópoles, Arcenio Scribone Junior omitiu seu nome e sua profissão quando a jornalista tentou colher seus dados para prestar uma queixa.
Na ocasião, ao reconhecê-la, o policial iniciou uma série de ataques verbais. Ele questionou sua profissão e afirmou que ela “merecia ser aniquilada”, culpando a emissora em que trabalha pelos problemas enfrentados no Brasil.
Natuza tentou buscar ajuda ligando para o 190, mas a viatura policial demorou a chegar. Durante a espera, ela seguiu o homem até a saída do supermercado, na tentativa de identificar sua identidade. Na delegacia, foi revelado que o agressor havia omitido sua patente e usado um nome falso.
Ainda no local do incidente, uma mulher que acompanhava o policial tentou intervir, pedindo que os ataques cessassem. Apesar disso, os insultos continuaram. Após prestar queixa, o policial foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames de dosagem alcoólica, toxicológica e clínico de embriaguez.
A Secretaria de Segurança Pública emitiu uma nota informando que buscas estão sendo realizadas para coletar imagens de câmeras de segurança e ouvir testemunhas do ocorrido. Já a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar a denúncia de ameaça.
Além do inquérito criminal, foi iniciada uma investigação administrativa que pode levar à expulsão do agente. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) não divulgou o nome do policial envolvido. De acordo com informações apuradas, ele não estava em serviço no momento da ocorrência e também fazia compras no estabelecimento.
A ameaça à jornalista gerou indignação e manifestações de apoio de diversas figuras públicas. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, declarou em suas redes sociais: “O ataque sofrido por Natuza Nery, em razão do simples exercício diário de seu ofício, exige pronta resposta do poder público. As democracias dependem do jornalismo profissional; sem ele, não há liberdade de informação”.
O ataque sofrido por Natuza Nery, em razão do simples exercício diário de seu ofício, exige pronta resposta do poder público, em especial dos órgãos de persecução penal.
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) January 1, 2025
Quem é Arcenio
Bolsonarista fervoroso, o policial civil Arcenio Scribone Júnior já defendeu um golpe de Estado, questionou a legitimidade das urnas e atacou o resultado das eleições de 2022.
Após a repercussão das ameaças, ele apagou seus perfis nas redes sociais. No entanto, internautas resgataram postagens que mostram seu apoio a movimentos antidemocráticos e a defesa de uma ruptura institucional.
Em dezembro de 2022, Arcenio usou o X (antigo Twitter) para elogiar uma manifestação em apoio a um golpe de Estado. “Nessas horas tenho orgulho de ser brasileiro. Nosso povo está vivo”, escreveu ele, junto a uma foto de um ato golpista.
Em novembro de 2024, em uma publicação na rede Threads, o simpatizante do ex-capitão respondeu a uma pergunta sobre onde estaria se fizesse “tudo que tem vontade”, dizendo que estaria “preso ou morto”.
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