Policiais penais de São Paulo voltaram a manifestar preocupação com a transferência de Ronnie Lessa para a penitenciária de Tremembé nesta quinta-feira 20 e afirmaram, em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal, que a chegada dele pode aumentar o clima de tensão na unidade.
O ex-PM estava detido desde 2019 no presídio federal de Campo Grande (MS) por envolvimento no caso Marielle Franco e foi transferido para a unidade paulista por determinação do ministro Alexandre de Moraes. A ida para um presídio estadual era uma das reivindicações apresentadas por Lessa como condição para um acordo de delação premiada.
O Sifuspesp, que representa os policiais penais de SP, também enviou ofícios ao Ministério Público e ao governo de São Paulo. No documento, os policiais pontuam que o clima já está tenso entre os detentos e chegam a mencionar possibilidade de rebelião. Além disso, alegam que a permanência de Lessa na unidade coloca a segurança dos profissionais em risco.
“A estrutura física da unidade e do seguro não propicia uma efetividade na segurança, primeiro pela falta de policiais e por razão dos presos da facção PCC não aceitarem um ex-PM na mesma unidade”, relatou a entidade.
Um dos pedidos apresentados aos três órgãos é que o ex-PM fique preso em outra unidade. O ofício menciona, por exemplo, a Penitenciária de Presidente Bernardes, localizada a quase 600 km da capital paulista, que possui o Regime Disciplinar Diferenciado e um sistema de alta segurança.
Na semana passada, antes da transferência, a entidade já havia manifestado preocupação com a chegada de Ronnie Lessa a São Paulo. Na ocasião, o Sifuspesp afirmou que a penitenciária é conhecida por ser dominada pela facção criminosa PCC, que historicamente é inimiga de milicianos.
A Secretaria de Administração Penitenciária informou que o ex-policial ficará 20 dias isolado. No presídio paulista, ele será monitorado permanentemente, ao menos até o final do processo sobre o assassinato de Marielle.
Na sua colaboração premiada, Lessa confirmou ter sido o autor dos disparos contra a vereadora do PSOL e afirmou que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão foram os mandantes do crime. Em troca, o ex-PM ganharia lotes de terras em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro.