Na última terça-feira (3), a Polícia Militar usou spray de pimenta, tiros de borracha e bombas de efeito moral para reprimir centenas de fãs do funkeiro MC Poze do Rodo que o aguardavam na saída da cadeia em Bangu, Rio de Janeiro. O cantor, solto após prisão arbitrária por “apologia ao crime”, criticou a violência policial:
“Eu sou trabalhador e artista. Inclusive, eu saindo lá agora, uma recepção maravilhosa, de milhares de fãs, e o tratamento foi spray de pimenta e tiro de borracha na cara. Aí eu me pergunto: Eu que sou bandido? Por que eles estão fazendo isso comigo? Por que eu sou preto, por que eu sou favelado?”
O funkeiro questionou ainda:
“Era para estar uma sensação maravilhosa, só não está por causa do tratamento da polícia do Rio de Janeiro. A polícia do Rio de Janeiro não gosta de mim e faz isso daí que você está vendo. Spray de pimenta nos meus fãs? Tiro de borracha nos meus fãs? Bomba nos meus fãs? Para quê? O que eles estão fazendo de crime? Quem é criminoso ali que está ali agora? Não tem traficante aqui não. Aí eu pergunto para vocês, quem é traficante? É nós? Tem certeza?”
Poze foi preso em 29 de maio por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, acusado de ligação com o Comando Vermelho e lavagem de dinheiro do tráfico. A Justiça revogou a prisão, impondo medidas como entrega de passaporte e comparecimento mensal.
A Polícia Civil alega que suas letras incentivam o crime, e shows em áreas dominadas pela facção geram lucros ilícitos. O advogado Fernando Henrique Cardoso defendeu que
“Em relação a isso, essa narrativa de pesquisar determinado gênero musical, cena artística, primeiro o samba foi criminalizado. Isso não é novo. Essas supostas falas da polícia fazem parte de uma narrativa que criminaliza e exclui as manifestações artísticas.”
Dados do Instituto de Segurança Pública mostram que a PM do Rio matou 1.200 pessoas em 2024, com 80% das vítimas sendo negras ou pardas, segundo o g1. A repressão aos fãs de Poze que se mobilizaram para saudar a liberdade do funkeiro é um reflexo da violência policial contra a classe trabalhadora nos bairros operários do País A brutalidade estatal reforça a necessidade de abolir a polícia e criar forças de segurança comunitárias.