Desde a quinta-feira (11), a Ocupação Retiro Bom Jesus, em Curionópolis, no sudeste do Pará, está sob cerco de viaturas da Polícia Militar, elevando a tensão e o temor de uma ação violenta contra cerca de 200 famílias instaladas no local. A ocupação foi iniciada na terça-feira (9) por famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que cobram a efetivação imediata da reforma agrária na região.
A direção estadual do movimento afirmou, no início da semana, que a ação é uma resposta à ausência de soluções concretas por parte do poder público. “O que estamos fazendo hoje é dar um passo a mais na luta. As famílias cansaram de esperar respostas que nunca chegaram”, declarou o MST. Segundo o movimento, após o massacre de 2023 no Acampamento Terra e Liberdade, quando nove trabalhadores foram assassinados, ocorreram reuniões e mesas de negociação com o INCRA e o governo federal, mas as promessas de assentamento definitivo não foram cumpridas.
Além do assentamento imediato, o MST exige a retomada da reforma agrária e a presença de representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Secretaria-Geral da Presidência da República para responder às pendências acumuladas.
A ocupação está inserida no complexo Santa Maria, área que já foi alvo de procedimentos extrajudiciais do Ministério Público Federal (MPF). Conforme documento do órgão, há investigações sobre suspeitas de falsidade ideológica e inserção de dados falsos em sistemas de informação no processo de regularização e documentação fundiária. Para as famílias, o cenário evidencia a permanência do latifúndio e o uso do aparato repressivo para impedir a luta por terra.