Nesta terça-feira (17), a Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatório de inquérito indiciando o ex-presidente Jair Bolsonaro como suspeito nas investigações da chamada “Abin Paralela”, nas quais é apurado suposto uso ilegal de mecanismos de monitoramento da Agência Brasileira de Inteligência para monitorar ministros do STF, outras autoridades públicas e jornalistas.

Além de Bolsonaro, foi também indiciado um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor da Abin sob o governo do ex-presidente, bem como outras 32 pessoas, dentre as quais o atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa.

Conforme noticiado pela emissora CNN, Alexandre Ramagem é apontado como principal responsável pelo suposto esquema ilegal de monitoramento. Citando fontes a par da investigação, o jornal Gazeta do Povo noticiou que teriam sido descobertas evidências de que a agência, sob Ramagem, teria sido utilizada para realizar perseguições e monitoramentos ilegais.

Já Jair Bolsonaro foi indiciado por ter conhecimento do suposto monitoramento ilegal, não ter tomado medidas contra, bem como por ter se beneficiado diretamente do mesmo. Seu filho, Carlos Bolsonaro, por sua vez, teria sido indiciado por chefiar o chamado “gabinete do ódio”, o qual teria utilizado as informações obtidas por meio da Abin paralela para produzir e disseminar conteúdos nas redes sociais com o objetivo de atacar adversários políticos do ex-presidente, segundo informado pela CNN.

Dando detalhes sobre o relatório da PF, Gazeta do Povo informou também que Paulo Maurício Fortunato, ex-secretário de Planejamento da Abin (um dos indiciados), teria proposto espionar autoridades através do software israelense First Mile, utilizado para monitorar a geolocalização em tempo real de telefones celulares. Segundo a CNN, o sistema sionista de espionagem teria sido utilizado para rastrear até 10 mil celulares por ano durante os três primeiros anos do mandato de Bolsonaro.

O jornal Correio Braziliense, que afirmou ter tido acesso ao relatório, noticiou que Fabio Shor, delegado da PF que conduziu a investigação, teria identificado a participação de servidores da Abin no suposto esquema ilegal de monitoramento, afirmando no relatório que o objetivo era “disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro e assessorar o ex-presidente com estratégias de ataques às instituições democráticas, ao Poder Judiciário e seus respectivos membros”.

O atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, por sua vez, teria sido indiciado por ter autorizado ação durante o atual mandato do presidente Lula para invadir computadores de autoridades paraguaias e obter informações referentes a negociações de tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu, conforme noticiado pelo portal de notícias UOL.

UOL informa que a PF abriu a investigação sobre a suposta “Abin paralela” no atual governo Lula e que, apesar de seu objeto ter sido inicialmente a atuação da agência durante o governo Bolsonaro, se estendeu para ações da Abin que teriam sido feitas durante o governo Lula.

Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem se pronunciaram negando a espionagem e a existência da “Abin paralela”.

Ao noticiar sobre o indiciamento, o jornal Valor Econômico publicou matéria com o título PF suspeita que cúpula da Abin indicada por Lula agiu para obstruir investigações.

Uma vez que a PF enviou o relatório ao STF, o tribunal deve agora enviá-lo à Procuradoria-Geral da República (PGR), que poderá oferecer denúncia contra os indiciados ou pedir o arquivamento.

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Last Update: 18/06/2025