QUANDO UM CAMARADA SE VAI !
(Para o camarada e amigo Zezoca )
Um camarada se vai
Parece que o tempo esquisita
Nesse âmbito de vencer
Da nossa alma aflita
Algo se estranha um amigo desacredita
Os peitos inflados se curvam um pouco
Os novos nascem velhos
Os olhos desaguam abismos
Os egos congelam o tempo
Fúteis e vazios como nossos caprichos
Não somos mais lima nova
Mas o poder segue novo
Criando ovos e serpentes
Dentes limpos mentes velhas
Não de idades mas de ressentimentos
Comentamos algo não concretizado
Tudo se esvai em burocracias e sentimentos
Um camarada se vai
O tempo fica mais seco
O aquecimento do coração esfria
O do mundo piora
Porque lá fora subtraímos um sol
Escavamos uma dor
Que custa passar
Arrancamos um tronco
Que demora a replantar
Nas mentes vazias
Sopramos beleza e histórias
No mar de incertezas
Temos que navegar trist3zas
E nos ressignificar
Pensamos alegrias
Fazemos o balanço
Tentamos ninar
Abraçamos amigos, vizinhos, parentes enfermeiro, padeiros, donos de botequim, fotógrafos, sindicalistas, médico e pai.
Mas isso só quando um camarada se vai.
Pedro Cerdeira