Foi publicado no dia 4 de fevereiro uma coluna na Folha de São Paulo intitulada “Portões de Auschwitz: uma imagem e mil palavras”, na qual seus autores (André Lajst, Fernando K. Lottenberg, Sabrina Abreu e Sofia Débora Levy, todos ligados ao lobby sionista) tentam fazer uma espécie de nota de repúdio à própria Folha de São Paulo, por conta de uma charge publicada no jornal. A charge em questão comparava a política de Donald Trump com a política dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente, durante o período do holocausto judeu.

Na imagem, é possível ver portões similares aos do campo de concentração de Auschwitz, mas, ao invés da conhecida frase “Arbeit macht frei”, o que figurava nos letreiros dos portões era “Guantánamo”, em referência ao campo de concentração mantido pelos Estados Unidos na região ocupada de Guantánamo, em Cuba. As críticas da charge se dão por conta da nova política de Donald Trump contra os imigrantes nos EUA, já que a prisão, utilizada desde 2002 para encarcerar presos políticos internacionais, agora receberá cerca de 30 mil imigrantes.

Segundo os autores, a comparação entre os dois campos de concentração é absurda e seria “algo extremamente ofensivo à memória das vítimas”, por ter sido esta frase o símbolo de toda a dor e sofrimento da qual padeceram os judeus. Também é criticado o fato de que, na charge, aparecem três detentos com uniformes similares aos dos judeus nos campos de concentração nazistas.

No entanto, a matéria não consegue explicar por que não poderia haver comparação entre os dois campos de concentração ou a comparação de qualquer política fascista nos dias de hoje com a política nazista durante o genocídio contra os judeus. Os colunistas se bastam em descrever o horror vivido pelos judeus e em dizer que comparações do tipo não poderiam ser feitas.

Houve vários campos de concentração no mundo ao longo da história, inclusive muitos campos de concentração nos países aliados durante a Segunda Guerra, como os destinados a japoneses nos Estados Unidos, que também levavam adiante uma política de extermínio contra diversos grupos e nacionalidades, com bombardeios indiscriminados contra a população civil na Alemanha e a utilização de bombas atômicas no Japão. Também a Inglaterra matou mais de um milhão de pessoas na Índia durante a Segunda Guerra e a burguesia na França permitiu que o próprio país fosse tomado pelos nazistas durante o período. Por que, então, não pode haver comparação?

O número de mortes não pode ser motivo para se negar um genocídio. Caso contrário, os colunistas teriam que parar de falar somente no genocídio contra os judeus e falar no genocídio nazista contra os soviéticos, além do genocídio na Armênia, o genocídio em Ruanda, todos com números muito grandes de mortes, e principalmente sobre o genocídio na Palestina, já que percentualmente, o cometido por “Israel” na Faixa de Gaza é um dos mais horrorosos e letais de todos os tempos.

Porém, a razão para não poder haver comparação entre a política nazista de décadas atrás e a política nazista dos dias de hoje pode ser encontrada em apenas uma palavra: Gaza.

O que os colunistas da matéria não querem que aconteça é que o mito de que o genocídio contra os judeus seria o único na história da humanidade com alguma importância, pois, caso esse mito despenque e, a partir de agora, a população mundial passe a perceber que o imperialismo de conjunto leva contra a população de todo o planeta uma política de tipo nazista, acaba-se a razão para toda a proteção imperialista do Estado de “Israel”.

André Lajst, por exemplo, é um conhecido militante sionista no Brasil, responsável inclusive por processos contra o PCO e contra pessoas que se colocaram contra o genocídio israelense contra a população palestina em Gaza, depois no Líbano e agora na Cisjordânia.

Caso comparações do tipo se generalizem, fica evidente a Faixa de Gaza, com muros vigiados por soldados e por metralhadoras automáticas que disparam contra quem se aproxima, é também um campo de concentração tão horripilante ou mais do que o campo de concentração de Auschwitz.

Importante ressaltar que, mesmo antes do assombroso envio de imigrantes a Guantánamo, a comparação entre os dois campos de concentração poderia ser feita. Guantánamo é uma prisão nazista, destinada principalmente a combater militantes políticos que lutam contra a ditadura mundial imposta pelo imperialismo. Muitos árabes e muçulmanos, por exemplo, são enviados para lá.

Outros campos de concentração nazistas estão espalhados pelo mundo, mantidos pelo imperialismo. Muitos deles, inclusive, hoje mantém presos e em situações similares às que os judeus sofreram na segunda guerra. “Israel” é um dos locais com o maior número de campos de concentração desse tipo, locais em que os palestinos são torturados, assassinados, mutilados, estuprados e assassinados.

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Last Update: 07/02/2025