Na última terça-feira (16), um jovem de 18 anos e seu avô, de 63, sofreram agressões brutais por policiais militares em um supermercado na região de São Sebastião, no Distrito Federal. O caso, ocorrido em plena luz do dia, envolveu golpes de mata-leão, uso de spray de pimenta no rosto e ameaças de morte, segundo relato das vítimas. O episódio, que chocou a comunidade local, foi registrado em denúncias encaminhadas ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que, na última quarta-feira (23), abriu um procedimento preliminar para investigar a conduta dos agentes.
Segundo as vítimas, a violência começou após uma discussão iniciada por um policial à paisana, que provocou o jovem. Ao tentar registrar a abordagem com seu celular, o rapaz teve o aparelho confiscado e destruído pelos PMs. Algemado, ele foi submetido a spray de pimenta e ameaçado de morte.
Ao tentar intervir em defesa do rapaz, o avô também foi agredido com um golpe de mata-leão, técnica que restringe a respiração e pode causar lesões graves, inclusive morte. O MPDFT, por meio da 3ª Promotoria de Justiça Militar, determinou que a Polícia Militar do Distrito Federal inicie uma investigação interna e apresente respostas em até cinco dias.
O caso ganhou repercussão após denúncias na imprensa local, que destacaram a brutalidade da abordagem. Testemunhas relataram ao jornal Correio Braziliense que a ação dos policiais envolveu gritos e intimidação contra outros clientes que tentavam interceder. A Polícia Militar do Distrito Federal não emitiu comunicado oficial até o último dia 24.
Casos de violência policial no Distrito Federal não são novidade. Em 2023, um relatório da Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública do DF registrou 342 denúncias de abuso de autoridade por policiais militares, com 68% dos casos envolvendo moradores de regiões periféricas, como São Sebastião.
O caso de São Sebastião não é um incidente isolado, mas um sintoma de uma polícia que, em todo o Brasil, opera como uma organização criminosa. Seu papel principal não é garantir a segurança, mas aterrorizar a população pobre, negra e periférica, mantendo-a sob controle por meio da violência.
Essa estrutura não pode ser corrigida com medidas paliativas, como treinamentos ou punições individuais. A única solução é a extinção completa da polícia, substituída por um sistema de segurança pública democrático, controlado pelos trabalhadores.