Sete policiais militares foram denunciados na última segunda-feira (26) pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) pelo assassinato do estudante , conhecido como Dedê, de 23 anos, no bairro do Jaguaré, zona oeste da capital, em 24 de abril de 2020. A promotoria acusa os agentes de forjarem a participação do jovem negro em um roubo para justificar o homicídio, configurando fraude processual e cárcere privado. O caso expõe a violência sistêmica das polícias brasileiras, que operam como verdadeiras organizações criminosas.

Os policiais denunciados são Carlos Antonio Rodrigues do Carmo, Lucas dos Santos Espíndola e Vagner da Silva Borges, acusados de homicídio qualificado e fraude processual, além de Carlos Alberto dos Santos Lins, Cristiano dos Santos Machado, Antonio Carlos de Brito e Cleber Firmino de Almeida, indiciados por homicídio qualificado e cárcere privado.

Segundo o MPSP, os agentes capturaram David, que estava desarmado, próximo à Favela do Areião, enquanto usava o Wi-Fi de uma lanchonete para baixar filmes e conversar com a namorada. A última mensagem dela, enviada às 19h44, não foi respondida.

A denúncia detalha que quatro policiais abordaram David, colocaram-no em uma viatura e o levaram para um local desconhecido. Lá, entregaram o jovem a outro grupo de PMs, que o obrigou a vestir roupas condizentes com as descritas pela vítima de um roubo ocorrido na região. Em seguida, ordenaram que saísse da viatura e o executaram com cinco disparos. O corpo foi levado ao 5º Distrito Policial de Osasco, onde os agentes registraram um boletim de ocorrência fraudulento, alegando que David portava uma arma desmuniciada e atirou contra eles, justificando a ação como legítima defesa.

O promotor Marco Antonio De Souza destacou a torpeza do crime: “Carlos Antonio, Lucas e Vagner mataram David por mera suspeita de envolvimento com crimes, acreditando que ele deveria morrer por isso. O delito foi praticado por um sentimento abjeto”. A denúncia também aponta que os quatro policiais que mantiveram David em cárcere privado são responsáveis pelo homicídio, por entregarem a vítima aos executores. A cena do crime foi alterada, com mudanças nas vestimentas de David para sustentar a falsa narrativa de confronto.

Os policiais foram presos preventivamente em maio de 2020, por ordem do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo. Investigações do Instituto Sou da Paz revelam que, entre 2019 e 2023, a PM de São Paulo foi responsável por 2.345 mortes em supostos confrontos, sendo 68% das vítimas negras. Casos como o de David reforçam a prática de execuções extrajudiciais, com encenação de crimes para encobrir assassinatos. A Defensoria Pública de São Paulo registrou, em 2024, um aumento de 15% nas denúncias contra a PM por violência e abuso de autoridade.

O assassinato de David escancara a necessidade de extinguir as polícias brasileiras, que operam como máquinas de repressão contra a população negra e periférica. Essas instituições, historicamente ligadas à opressão, não reformam suas práticas e seguem funcionando como organizações criminosas, violando direitos humanos e perpetuando a violência. A dissolução completa dessas forças é a única solução para interromper o ciclo de mortes e injustiças.

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Last Update: 29/05/2025