A Justiça de São Paulo decidiu levar a júri popular o policial militar que executou um homem negro em frente a um mercado da rede Oxxo na zona sul da capital paulista em novembro do ano passado.
Ainda não há data para Vinicius de Lima Britto passar pelo júri, previsto em casos de crimes dolosos contra a vida. Sete jurados, pessoas comuns e escolhidas por sorteio, decidirão se o réu é culpado ou inocente.
Na decisão desta terça-feira 25, a juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro, da 5ª Vara do Júri, avaliou haver indícios suficientes de autoria do crime, considerado fútil.
“A futilidade do motivo do crime advém da desproporção entre o que levou o réu a praticá-lo e sua conduta, o que foi, inclusive, reconhecido por ele em sede de interrogatório.”
A juíza ainda levou em conta o relato da única testemunha presencial do homicídio, o caixa do mercado, que afirmou ter sido pressionado por policiais a prestar um depoimento favorável ao réu. O funcionário disse que, após presenciar o crime, recebeu a visita de agentes à paisana que o teriam intimidado.
Gabriel Renan da Silva Soares foi morto a tiros após roubar quatro pacotes de sabão do Oxxo na Avenida Cupecê, no bairro Jardim Prudência. Na fuga, ele escorregou em um pedaço de papelão e caiu no chão do estacionamento.
O policial militar pagava por suas compras quando percebeu a ação. Vinicius sacou a arma e atirou várias vezes pelas costas de Gabriel, que morreu no local. Segundo o boletim de ocorrência, havia 11 perfurações no corpo.
Em sua versão, o agente alegou que Gabriel estava armado e levou a mão ao bolso do moletom, razão pela qual teria atirado, em legítima defesa. As imagens das câmeras de segurança do local, no entanto, não comprovam a versão do PM.