Uma ação da Polícia Militar do Amapá resultou na morte de sete pessoas na madrugada do último domingo 4. A versão dos agentes envolvidos é que houve reação à abordagem policial, motivada por uma suposta denúncia de tráfico de drogas. Os familiares das vítimas e testemunhas, porém, contestam a alegação e apontam excesso de violência.
Noves PMs envolvidos foram afastados e são alvos de procedimento disciplinar, informou a secretaria estadual de Justiça e Segurança Pública. Nas redes sociais, o governador Clécio Luís (Solidariedade) disse lamentar “profundamente o ocorrido” e cobrado apuração rigorosa sobre o caso. O Ministério Público também abriu investigação sobre a chacina.
O grupo retornava de uma partida no ginásio do Trem Desportivo Clube, na capital Macapá, quando foi abordado pelos policiais. Em vídeos que circularam nas redes sociais, é possível intensos sons de tiros. O veículo no qual as vítimas estavam ficou completamente crivado de balas. Segundo a PM, foram encontradas drogas, armas e munições no automóvel.
Entre os mortos está Wendel Cristian, jogador de futebol com passagens por diversos clubes profissionais do estado. O atleta tinha 21 anos e estava concluindo a graduação em educação física em uma faculdade privada. Uma advogada da família de dois rapazes que estava no local da ocorrência foi detida pelos policiais por suposto desacato, sendo liberada pouco depois.
Três das vítimas não possuíam antecedentes criminais, segundo a Sejusp. A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Amapá, pediu a prisão dos policiais envolvidos no caso à Justiça estadual, que ainda não analisou a solicitação. A idade dos mortos variavam entre 16 e 24 anos.
Ano após ano, o estado tem registrado taxas alarmantes de letalidade policial. Em 2023, na contramão de um movimento de queda no País, foram registradas 186 pessoas mortas pelas forças de segurança, um aumento de 44% em relação ao ano anterior.
Santana, a 8 km da capital Macapá, tem o maior índice de mortes violentas intencionais: 92,9 óbitos por 100 mil habitantes, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
