Plataformas recusam convite e não vão a audiência da AGU sobre moderação de conteúdo

Representantes das big techs não compareceram à audiência pública realizada pelo governo Lula (PT) nesta quarta-feira 22 para discutir os impactos da decisão da Meta que acabou com a política de checagem de fatos. Tinham sido chamadas a Alphabet (Google/YouTube), Discord, Kwai, LinkedIn, Meta, TikTok e X (ex-Twitter).

A ausência foi anunciada pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, na abertura do encontro. Segundo ele, a abertura para diálogo permanece, ainda que as empresas não tenham aceito o convite. O ministro disse ainda que não há prejulgamento do governo a respeito de nenhuma das plataformas.

Foram convidadas e preferiram não participar desta audiência. É uma opção, nós respeitamos. Isso não interdita o diálogo, que está sempre aberto. Recebi inclusive o contato de algumas plataformas manifestando o interesse de continuar colaborando com o governo”.

Messias também afirmou que o objetivo da audiência pública sobre a regulação e políticas de moderação das redes sociais e plataformas é reunir material para levar ao Supremo Tribunal Federal. A Corte julga, desde novembro um conjunto de ações que questionam a validade de trechos do Marco Civil da Internet.

“Não existe prejulgamento de nenhuma ação realizada por qualquer plataforma, nós temos interesse de dialogar e de trabalhar em cooperação com todas as plataformas, com todas as redes digitais”, emendou o AGU.

A audiência foi convocada pelo órgão após a Meta anunciar, em 7 de janeiro, uma mudança na política de checagem de fatos. No pronunciamento, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, atacou supostas “decisões secretas” de tribunais latino-americanos e declarou que o governo dos Estados Unidos precisa ajudar a combater o que faz o Judiciário na região.

O governo Lula vê com preocupação o pacote de mudanças e, por isso, pediu esclarecimentos à empresa sobre os impactos das mudanças no Brasil.

As respostas enviadas pela big tech, informou a AGU, “causam grave preocupação” a diversas instâncias do governo, especialmente a confirmação da adoção, no Brasil, de uma Política de Conduta de Ódio que “pode representar terreno fértil para violação da legislação e de preceitos constitucionais que protegem direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.

Essa nova política mencionada permite, na prática, a associação entre o público LGBTQIAP+ e doenças mentais. Na resposta encaminhada ao governo brasileiro, a companhia sustenta que as atualizações anunciadas “procuram simplificar o conteúdo da política, de modo permitir um debate mais amplo e conversas sobre temas que são parte de discussões em voga na sociedade”.

A plataforma afirmou ainda que está “profundamente comprometida com a liberdade de expressão, direito humano fundamental que permite o exercício de muitos outros direitos”. Reconheceu, no entanto, que “formas abusivas do exercício desse direito podem causar danos, especialmente para grupos vulneráveis”.

Artigo Anterior

Gleisi: indiciamento de diretores da PRF “expõe golpe para roubar” Lula em 2022

Próximo Artigo

Governo Lula estuda como conter alta da inflação nos alimentos

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!