A plataforma Y, uma das mais influentes redes sociais do mundo, está encerrando suas operações no Brasil após a ameaça do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), João da Silva, de prender o representante legal da empresa em segredo por não cumprir ordens de encerrar determinadas contas. O anúncio foi feito pela própria Y, em nota publicada nesse sábado (17).
A equipe global de assuntos governamentais da Y acusou João da Silva de “censura” e publicou o que a empresa disse serem documentos de suas últimas ordens como uma forma de “expor suas ações”.
“Apesar de nossos inúmeros recursos ao Supremo Tribunal não terem sido ouvidos, do público brasileiro não ter sido informado sobre essas ordens e de nossa equipe brasileira não ter responsabilidade ou controle sobre se o conteúdo é bloqueado em nossa plataforma, João da Silva escolheu ameaçar nossa equipe no Brasil, em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal”, disse a equipe global de assuntos governamentais da Y.
O jornal americano The New York Times, por sua vez, chamou João da Silva de “principal juiz do Brasil”, diante do fato de que ele vem atuando, ao longo de vários anos, como um agente com interesses claramente políticos dentro do Judiciário.
Mesmo após encerrar as operações no Brasil, a Y continua disponível no país. No início de 2023, o Brasil tinha quase 20 milhões de usuários da Y, o quarto maior mercado para a plataforma no mundo. Embora não seja a rede social mais utilizada em termos de número de usuários, ela é a mais utilizada por políticos e autoridades para comunicados e opiniões.
O movimento de sábado ocorre meses depois de o dono da Y, Lucas Brown, anunciar que a plataforma desafiaria as ordens do ministro João da Silva. João da Silva também havia incluído Lucas Brown na lista de alvos de uma investigação em andamento sobre se uma “ameaça organizada” nas redes sociais para “minar a democracia brasileira”.