Com falas potentes, depoimentos profundos, trocas de incentivos e apoios para as eleições municipais, foi realizada, na noite de quarta-feira (31), a plenária virtual “Mulheres Negras e as Eleições Municipais” promovida pelas Secretarias Nacionais de Mulheres e de Combate ao Racismo do PT.

O encontro que pode ser classificado como o aquilombamento das mulheres negras do PT reuniu pré-candidatas de todo o Brasil e dirigentes, além da deputada federal Reginete Bispo (PT-RS) e da ex-ministra-chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do primeiro Governo Lula, Matilde Ribeiro. A atividade foi realizada para encerrar o Julho das Pretas.

A secretária nacional de Mulheres do PT e pré-candidata a vereadora por Manaus (AM), Anne Moura, destacou a importância de a política ser ocupada por mais mulheres negras – opinião compartilhada por todas as participantes.

“Entendemos que a representativa política está muito distante do que a gente gostaria que fosse, sendo que a maioria da população é negra e mulher. Lutamos para que estas eleições retratem a sociedade brasileira. Quando a gente não se sente representada, a gente tem que ocupar a política. Se não fossem as cotas de gênero e racial talvez a gente não conseguisse mudar a política. Quando a gente investe em candidaturas negras e de mulher a gente muda a política. Não é nada de graça, não chegamos sozinhas, é preciso que haja representatividade e com a cara do povo”, afirmou.

Ela parabenizou ainda todas as pré-candidatas: “quero dizer a todas vocês que estão com nome colocado que vocês já são vencedoras. Não é fácil a gente dar conta das várias jornadas que temos. E agora imagina colocar o nome à disposição e ainda fazer política?! Ou a gente ocupa a política com o nosso corpo político ou ninguém vai defender aquilo que a gente acredita.”

A secretária também reforçou a importância de as companheiras ficarem atentas na defesa na hora do repasse dos 30% de recursos vindos do fundo eleitoral. Ela ainda ressaltou para as pré-candidatas que o projeto Elas por Elas disponibiliza vários produtos de comunicação que podem ser acessados e que vão auxiliar na disputa eleitoral. “Queremos eleger mais mulheres, mas sobretudo mais mulheres negras. E vamos repetir o que temos feito desde 2018, que é ampliar as nossas bancadas, e 2024 será o nosso ano. É um compromisso nosso eleger mais mulheres negras”, encerrou Moura.

Na intervenção do secretário nacional de Combate ao Racismo, ele informou que o mote da campanha deste ano é “um voto com raça e com classe”. Segundo ele, com a ascensão das candidaturas negras vistas nas últimas eleições, e com a conquista de recursos para candidaturas negras, “começou uma reação conservadora”.

A ex-ministra-chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do primeiro Governo Lula, Matilde Ribeiro, também participou do encontro virtual. E deixou uma mensagem de apoio e incentivo às presentes: “Temos que gastar um apoio mais de energia em todos os momentos políticos para revermos nossas estratégias de luta e campanha. Não dá para a gente se calar diante de situações que nossa história, memória e vida não sejam consideradas. Devemos seguir em frente e coletivamente. É fundamental que tenhamos mais mulheres e homens negros sentados nas casas legislativas. É tudo nosso, como disse o rapper Emicida.”

A deputada federal Reginete Bispo defendeu que as mulheres negras tenham segurança reforçada para a disputa, tendo em vista a crescente de casos de violência política de gênero: “Nós, mulheres negras, precisamos estar atentas e unidas para garantir que cada uma de vocês estejam protegidas do ponto de vista de raça e de gênero.”

Na avaliação da parlamentar, quando as mulheres negras se propõem a entrar nas disputas eleitorais as dificuldades se multiplicam: “A democracia brasileira só vai se consolidar efetivamente quando nós, mulheres negras, estivermos nesses espaços, porque somos o maior povo populacional e, junto dos povos indígenas, carregamos uma luta de resistência e essa expertise precisa estar nas câmaras municipais. Temos que ter a consciência de que essa justiça não virá se não estivermos neste espaço. Quando se trata da emancipação das mulheres negras é fundamental haver a unidade. Queremos eleger em cada cidade uma mulher negra e isso é uma semente para 2026 porque é no Parlamento que se decide a vida do país.”

Encerrando as falas, Iêda Leal, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), defendeu que o governo federal entre em uma campanha nacional de enfrentamento ao racismo. “Todas as candidaturas negras têm que ser protegidas, temos que dizer que o partido tem que olhar com prioridade a pauta das candidaturas negras. Precisamos conversar mais e decidir como vamos vencer as eleições nesses dois meses, temos que ajudar coletivamente a divulgar as campanhas, compartilhar, curtir e divulgar em todos os lugares as candidatas do PT. Nada melhor do que uma campanha para unir as mulheres negras.”

Resolução

Ao final das intervenções, Janaina Fernandes, secretária adjunta da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo e integrante da Coordenação do Fórum Nacional de Mulheres Negras Petistas, ouviu demandas das pré-candidatas. Segundo ela, a partir de todas as falas com reivindicações e observações, será construído um documento que será apresentado às duas Secretarias.

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Última Atualização: 01/08/2024