Plano de Inteligência Artificial do Brasil visa ser acessível, nacional e independente, afirma Luciana

Entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) é uma grande aposta do país para avançar no desenvolvimento da ferramenta, tendo como foco os interesses da nação e do povo brasileiro, e como princípios a busca pela soberania, a inclusão e a sustentabilidade.

“Nosso programa procura, antes de tudo, fazer o bem para todos, porque, como toda nova tecnologia, ela pode trazer riscos, mas também oportunidades. E por óbvio, vamos nos agarrar às oportunidades”, declarou Luciana ao programa “Bom Dia, Ministra”, do Canal Gov, nesta quinta-feira (1º).

Ela salientou ainda que o PBIA “vai contribuir para melhorar a vida do povo brasileiro no processo de inclusão e em soluções para áreas como saúde e educação, por exemplo. E, por isso mesmo, ele precisa ser brasileiro. Temos muitas soluções de IA, mas são de fora, inclusive nem a nossa língua falam”.

O conceito do PBIA, resumiu Luciana, “é ser inclusivo e brasileiro, garantindo a nossa autonomia, e factível”. Para dar conta do amplo espectro que atinge, o PBIA é dividido em cinco eixos: Infraestrutura e Desenvolvimento de IA; Difusão, Formação e Capacitação em IA; IA para Melhoria dos Serviços Públicos; IA para Inovação Empresarial; e Apoio ao Processo Regulatório e de Governança da IA.

Supercomputadores

Para viabilizar o PBIA, está prevista a compra de cinco computadores de alta performance, que estão entre os mais potentes do mundo, além de investimentos de até R$ 23 bilhões em quatro anos.

“Esses datacenters espalhados terão uma boa capacidade de armazenamento, até para poder concentrar e guardar nossa base de dados que todas as grandes empresas internacionais cobiçam — porque dado virou dinheiro — e vamos ter uma estrutura própria de nuvem para esses dados”, explicou.

A ministra completou informando que hoje o país já conta, por exemplo, com o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) e o Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência), “que nuvens soberanas, ou seja, não são de empresas estrangeiras”. Mas, frisou, “ainda não têm a potência necessária para armazenar e processar (com IA)”. 

5ª Conferência de CT&I

Outro ponto destacado da conversa foi a realização da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada do dia 30 de julho a 1º de agosto, em Brasília.

“A conferência tem sido um sucesso, acho que havia uma demanda reprimida, as pessoas não se sentiam partícipes da construção da política pública nacional para essa área. O fato de que há 14 anos a conferência não era realizada mostra o longo tempo sem tomada de decisões e sem o estabelecimento de políticas (para CT&I)”.

Luciana classificou o evento como um “momento de congraçamento do nosso sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação brasileiro”, que é “muito respeitado e pujante — e digo isso porque é o que os indicadores globais mostram: somos o 13º país do mundo em produção científica, o que revela a força da inteligência brasileira”. 

Aquecimento global

Outra questão abordada na entrevista foi o enfrentamento ao aquecimento global.

“O MCTI tem convicção de que não é possível lidar com esse problema, que também tem a ver com a preservação de nossas florestas, se não por meio de ferramentas científicas e tecnológicas”, declarou Luciana Santos.

A ministra explicou que, anualmente, o governo levanta quais os setores que mais emitiram gases de efeito estufa, para que seja possível planejar e atuar em sua mitigação.

Complexo Industrial da Saúde

Igualmente central para a população é o desenvolvimento da ciência e da tecnologia na área da saúde.

“Nós já vimos o quanto a dependência nessa área é nefasta. Durante a pandemia, dependemos de respiradores e até de máscaras. A junção do negacionismo com essa dependência histórica nos levou a uma situação de muita dificuldade no enfrentamento da crise sanitária da Covid-19”, ressaltou.

Para lidar com esse tipo de problema, disse, “o presidente Lula remontou o comitê do Complexo Industrial da Saúde, no qual o MCTI tem papel fundamental, visando desenvolvê-lo para que possamos reduzir a dependência da importação de equipamentos, insumos e medicamentos”. 

De acordo com a ministra, até o momento o MCTI já investiu R$ 2 bilhões no Complexo, em áreas como as de fármacos, soluções e equipamentos.

Nesse mesmo sentido vão os investimentos de R$ 1 bilhão — advindos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e incluídos no Novo PAC — no Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, organismos causadores de doenças. 

A estrutura será o primeiro laboratório com nível de biossegurança 4 (NB4) da América Latina e a primeira a estar conectada a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius, que funciona no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social MCTI, em Campinas (SP). 

“Vamos garantir uma ferramenta tecnológica de impressionante inovação para nos anteciparmos aos vírus que, porventura, vão se transformando geneticamente e que precisamos dominar para poder proteger a vida. A técnica usada é uma inovação única, ímpar no mundo, que só o Brasil vai ter”, declarou.

Ainda dentro do Novo PAC, Luciana salientou a ampliação das redes de internet para aumentar a velocidade e o número de usuários pelo país.

“Vamos aumentar a rede de fibra ótica, que é a mais consistente de banda larga, em mais de 40 mil km espalhados pelo país. São 18 infovias, a serem instaladas em várias regiões”, informou.

Ela completou dizendo que “nosso foco é garantir que a população brasileira, principalmente aquela que não tem como pagar uma banda larga, possa ter direito a uma internet estável e veloz, para democratizar o acesso à informação”. 

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