A fuga de Carla Zambelli (PL-SP) aos Estados Unidos 20 dias depois de ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça pegou de surpresa também o seu partido. O PL de Jair Bolsonaro não sabia e não foi consultado sobre a saída da deputada federal do Brasil.
Também por isso, a legenda não pretende fazer uma defesa enfática à deputada, ainda mais agora que a Procuradoria-Geral da República pediu ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo, sua prisão preventiva.
A avaliação de integrantes da legenda é que o tratamento dado a Zambelli não será nem de perto similar ao dado a Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos licenciado do cargo. Na Câmara, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional aprovou uma moção de solidariedade ao deputado, além de haver uma articulação para ele exercer o mandato remotamente.
A disposição do Centrão e da extrema-direita para salvar o mandato do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem (PL-RJ) também não deve se repetir com Zambelli.
Nas conversas que teve ao longo desta terça-feira com os poucos aliados que possui, ela sinalizou que poderia voltar ao Brasil caso a Câmara avançasse na ideia de sustar a ação penal contra ela.
Apresentado logo após a condenação, o texto sequer foi despachado à Comissão de Constituição e Justiça pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Os interlocutores de Zambelli levaram a mensagem a líderes do Centrão que, de pronto, rejeitam a possibilidade.
A posição de Congresso é que a deputada se precipitou em fugir do País e, por ser abandonada até mesmo por correligionários, não vale bancar um novo desgaste com o STF.
“Ela fugiu para escapar da Justiça e para se salvar. Fez mais feio do que fez ao empunhar uma arma nas avenidas de São Paulo. Se isso era uma forma de, minimamente, pressionar o Parlamento, perdeu tempo”, avaliou um cacique do Centrão.
Entre integrantes do PL há também a percepção de que se Zambelli realmente perder o mandato, o partido ganhará mais com a atuação de seu suplente, o Coronel Tadeu (PL-SP). Militar, ele é considerado alinhado 100% ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seria um “problema” a menos, se comparado à deputada.