Ao ar no último dia 13, o programa Análise Política da 3ª trouxe como tema central a nova crise aberta entre o Parlamento e o Judiciário. Com o título “Congresso e STF: rumo a um confronto?”, o programa trouxe as considerações do presidente nacional do Partido da Causa Operária Rui Costa Pimenta, e pode ser assistido aqui.
Já no começo, Pimenta comenta a eleição do primeiro papa norte-americano, Leão XIV. Apresentado por aluns liberal, outros o caracterizam como conservador e um terceiro grupo, por fim, defende que o novo líder da Igreja Católica é um centrista.
“Tudo indica que foi uma solução de compromisso. A eleição do [Jorge Mario] de Bergoglio se deu contra o clero norte-americano, que aparentemente, tem uma aliança com o clero italiano para controlar o Vaticano. Ele entrou para manter o papado anterior, embora Bergoglio tampouco fosse um liberal, tem uma história de aliança com a ditadura militar argentina. Não é uma aliança com a extrema direita, mas com os conservadores, que seriam os italianos e os norte-americanos.”
O dirigente marxista aproveita para chamar à realidade os esquerdistas que tecem considerações estranhas, como as de que o novo papa seria “progressista” ou algo que o valha:
“É preciso lembrar ainda que a Igreja é um braço do imperialismo. Há um debate na esquerda que sai um pouco da realidade ao começar a atribuir ao papa qualidades que ele não pode ter. Ele dirige uma instituição que está a serviço do imperialismo. A presença forte do clero norte-americano, apesar dos EUA não serem um país católico, indica isso.”
Ainda analisando os acontecimentos políticos no âmbito internacional, com a situação dos EUA marcada por “mais um dia, mais uma crise”, o dirigente do PCO trata da última guerra aberta pelo presidente norte-americano Donald Trump, que ameaçou impor tarifas altíssimas às farmacêuticas se os preços praticados internamente não forem equivalentes aos preços cobrados pelos mesmos medicamentos em outros países. Lembrando o documentário Sicko, do cineasta norte-americano Michael Moore, Pimenta diz:
“As farmacêuticas norte-americanas têm uma história macabra, os preços dos remédios são caríssimos. Tem aquele documentário do [Michael] Moore mostrando o cidadão que vai a Cuba, compra um remédio baratíssimo e chora, porque nos EUA não consegue comprá-lo. Essas empresas farmacêuticas são uma das coisas mais criminosas que existem no mundo capitalista, onde o crime impera.”
Pimenta destaca que a presidência de Trump é resultado de uma insurreição contra esse setor, o que é curioso porque o trumpismo é um setor que se rebela contra a política dominante, mas não sabemos se ele vai conseguir. Até agora, Trump governa pela metade.”
Concluindo a análise internacional, Pimenta discorre sobre o curioso feito do governo Trump, que iniciou uma nova onda de ataques contra o Ansar Alá – partido revolucionário do Iêmen -, demitiu o assessor de segurança nacional ultra-sionista, depois cantou vitória, dizendo que derrotou os iemenitas e por fim, apareceu elogiando os árabes, dizendo que eles foram derrotados, mas mostraram muita bravura.
Algo parecido com o que foi feito quando os EUA assassinaram o general Soleimani. Como funciona a caótica política externa do Trump? Pimenta esclarece:
“As bravatas servem para ocultar que ele recuou. Ele tem dificuldade para fazer operações militares porque existe muita oposição dentro do trumpismo. Uma deputada chamou os bombardeios de ‘inaceitáveis’. Isso é um problema para ele, a pressão da base é muito grande e também não é a política dele. O problema é que ao recuar, ele se indispõe com um setor direitista poderoso. Dentro do Partido Republicano, há uma ala poderosa que advoga a mesma política do governo anterior, mas não acho que o pessoal se convença de que ele ganhou alguma coisa.”
Finalmente, Pimenta analisa o episódio em que a negociação entre os EUA e o Hamas feita sem “Israel”, o que desmoralizou ainda mais o já débil regime sionista. Das negociações entre o governo Trump e os revolucionários palestinos, derivou-se um acordo responsável pela libertação do último norte-americano com cidadania israelense, Edan Alexande. Para o dirigente, evento foi “uma vitória do Hamas”, ao que explica:
“Acho que o Trump passou por cima do Netaniahu, foi direto conversar com o Hamas e isso daí é uma novidade. É uma vitória do Hamas. Isso mostra também que a política do Trump não é a mesma política do Biden. Não é que ele é mais progressista, mas é diferente. Ele ignorou completamente o Netaniahu, é desmoralizante para o governo sionista essa negociação direta com o Hamas e isso acentua a crise do Netaniahu. Com o Ansar Alá, fica demonstrado que Trump não é uma peça inteiramente adequada para operações militares imperialistas.”
Questionado sobre os desdobramentos da batalha entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), Pimenta destacou a “criatividade” dos “artistas” da instância máxima do Judiciário. Diz Pimenta, comentando a disputa entre um Judiciário ávido por condenar o deputado bolsonarista Alexandre Ramagem e a oposição do Congresso, disse o presidente do PCO:
“Isso daí é criatividade constitucional do STF. No STF não tem juízes, tem artistas. A constituição diz que ‘desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente sem prévia licença da sua Casa’. Os defensores argumentam que o crime foi cometido antes, porém, onde está dizendo que o crime cometido antes invalida isso.”
Pimenta destaca também que “é uma ditadura, você interpretar algo para jogar alguém na cadeia. Eles passam por cima disso e a esquerda aplaude porque não é contra ele, é contra os bolsonaristas.”
Esses e outros temas podem ser conferidos no link acima. Não deixe de assistir e conhecer a análise marxistas dos principais acontecimentos do Brasil e do mundo.