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A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta terça-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a última das cinco denúncias contra os 34 investigados por participação na tentativa de golpe de Estado. O alvo foi Paulo Renato de Oliveira Figueiredo, ex-apresentador da Jovem Pan e neto do general João Baptista Figueiredo, último presidente da ditadura militar.
A denúncia aponta que Paulo Figueiredo antecipou detalhes de uma carta redigida por militares golpistas para pressionar comandantes das Forças Armadas a aderirem à tentativa de ruptura institucional em 2022. Segundo a PGR, ele foi escolhido para essa função por sua influência no meio militar e teria usado sua posição para disseminar a ideia de que havia coesão dentro do Exército em apoio ao golpe.
De acordo com a denúncia, Figueiredo atacou os comandantes militares das regiões Sudeste, Sul e Nordeste, que não apoiavam as teses golpistas e reconheciam o resultado das eleições. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que o bolsonarista estava articulado com militares que defendiam a ruptura e tinha conhecimento do objetivo da carta.
O general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, confirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que o documento foi elaborado para pressionar comandantes legalistas e classificou sua criação como ilegal.
A denúncia da PGR
Paulo Figueiredo foi denunciado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado.
“O influenciador buscou forjar um cenário de coesão dentro do Exército Brasileiro sobre a necessidade da intervenção armada, retratando os dissidentes como desertores, merecedores de repúdio pessoal e virtual. Aderiu, pois, ao projeto golpista da organização criminosa, do qual tinha ciência prévia, e instrumentalizou a sua condição de comunicador para provocar a cooptação do Alto Comando do Exército ao movimento golpista”, afirma a denúncia da PGR.
Após a acusação, Paulo Figueiredo comentou o caso em suas redes sociais, alegando ser alvo de perseguição política. No X (antigo Twitter), ele afirmou estar “honrado em estar ao lado de patriotas neste momento histórico que reflete a ditadura que vivemos”.
“Vamos vencer, e todos os agentes públicos que se utilizam das suas posições para perseguir opositores políticos serão responsabilizados sem misericórdia no momento oportuno”, declarou.
Acabo de ver no noticiário que fui denunciado pela PGR. Estou honrado em estar ao lado de patriotas neste documento histórico que reflete a ditadura na qual vivemos. Vamos vencer e todos os agentes públicos que se utilizam das suas posições para perseguir opositores políticos…
— Paulo Figueiredo (8) (@pfigueiredo08) February 19, 2025