ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, falando em microfone, séria
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva – Reprodução/Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) arquivou uma queixa-crime apresentada contra o senador Plínio Valério (PSDB-AM), após uma declaração polêmica feita em março de 2025 envolvendo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Durante um evento da Fecomércio, no Amazonas, o parlamentar afirmou que teve vontade de “enforcar” a ministra após sua participação em uma sessão da CPI das ONGs no Senado.

Na ocasião, Plínio declarou: “Ela esteve na CPI das ONGs por 6 horas e 10 minutos. Imagine o que é tolerar Marina Silva 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la.” A fala gerou ampla repercussão e motivou uma representação da deputada Luciene Cavalcanti (PSOL-SP) junto à PGR, por considerar o episódio um caso de violência política de gênero.

A deputada argumentou que o senador atentou contra a dignidade da ministra e incitou a violência contra mulheres na política, citando dispositivos da Constituição Federal, da Lei Maria da Penha e do Código Penal.

Entretanto, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, entendeu que não há elementos suficientes para a continuidade da investigação. Segundo Gonet, apesar da fala ter “aparente cunho ameaçador”, ela foi feita fora do ambiente institucional e após o encerramento da sessão da CPI, não caracterizando crime de constrangimento ilegal nem interferência no comportamento da ministra.

“As declarações foram proferidas após a sessão da CPI das ONGs e em local diverso do evento. A ministra Marina não foi obrigada a manter nenhum comportamento indesejado ou contrário à sua vontade”, afirmou o procurador.

Além disso, Gonet explicou que, para a apuração de eventual crime de ameaça, seria necessária a representação da própria vítima, o que não ocorreu. Ele concluiu que a conduta não se enquadra como ação penal pública incondicionada, uma vez que não houve motivação de gênero, nem ocorreu em contexto de violência doméstica ou familiar.

Luciene Cavalcanti, por sua vez, afirmou que irá recorrer da decisão e criticou o entendimento da PGR, que segundo ela “misturou tipos penais” e desconsiderou a legislação sobre violência política de gênero.

“É indignante o posicionamento do PGR, ignorando a violência política de gênero que de fato ocorreu naquele momento e foi depois preparatória para mais violência política de gênero e raça que a própria ministra Marina Silva veio a sofrer em audiência no Senado”, declarou a deputada ao Poder 360.

A congressista também se referiu a outra fala de Plínio Valério, feita em maio de 2025 durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, quando o senador disse que Marina “não merecia respeito”. A ministra reagiu afirmando que foi alvo de violência política e de gênero e destacou que estava presente como ministra de Estado, e não apenas “como mulher”.

Nas redes sociais, Plínio Valério comemorou o arquivamento da ação e alegou que a decisão da PGR “derruba a narrativa de misoginia”. O senador disse que suas críticas a Marina Silva se referem à atuação da ministra contra os interesses do Amazonas, especialmente em relação à BR-319.

“Gonet derruba a tese sexista sempre usada pela ministra Marina, de que a critico por ser mulher, preta e frágil. Segundo o procurador, minha conduta não foi praticada por razões de gênero ou em contexto de violência doméstica ou familiar”, afirmou o senador no X.

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Last Update: 16/06/2025