Jair Bolsonaro gastou R$ 900 mil para reformar a sua casa de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, um valor considerado suspeito pela Polícia Federal, uma vez que a mesma casa foi declarada no valor de cerca de 11% do valor total da reforma. No início do ano, Bolsonaro admitiu que investiu na casa com receio de sofrer bloqueios judiciais de seus recursos. Se comprovado que o ex-mandatário detinha recursos de origem ilícita, a reforma poderia ser caracterizada lavagem de dinheiro.
Ainda, os investigadores suspeitam pelo fato de o contrato da reforma ter sido encontrado no escritório de Bolsonaro dentro do PL, em Brasília, onde documentos ligados ao partido, eleitorais e de governo estavam armazenados.
Por R$ 200 mil a menos que Jair Bolsonaro, o presidente Lula foi condenado pela Lava Jato, em 2019, a 17 anos de prisão por suposta corrupção e lavagem de dinheiro em reforma de R$ 700 mil no sítio de Atibaia, que segundo a duvidosa Operação e, posteriormente comprovados os ilícitos nas investigações, teria sido usada a favor de construtoras para troca de contratos com a Petrobras.
Em 2021, foi comprovado pela Justiça que o sítio pertencia a Fernando Bittar, que demonstrou a comprovação dos recursos para a sua aquisição e reformas, e que R$ 700 mil foram pagos para um diretor da Odebrecht, não para obras. Após a suspeição de Sergio Moro, a Justiça de Brasília confirmou que não havia qualquer prova das acusações da Lava Jato e anulou a denúncia dos procuradores.
No caso de Bolsonaro, um contrato de outubro de 2023 foi encontrado no escritório do partido e a Polícia Federal anexou o documento às investigações sobre a tentativa de golpe do ex-mandatário.
Não se sabe a possível relação feita pelos investigadores entre os crimes de golpe investigados e a suposta reforma da casa de Angra da família Bolsonaro.
Mas em fevereiro deste ano, o próprio ex-mandatário admitiu que reformou a casa de praia por medo de Alexandre de Moraes bloquear suas contas bancárias, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, na época. Os recursos de Bolsonaro, assim, seriam investidos na casa como forma de proteger o dinheiro.
A PF admitiu que o contrato levanta suspeitas: “Chama a atenção o fato de a reforma estar orçada na vultuosa quantia de R$ 900 mil, ao passo que, na declaração de bens de Bolsonaro, a residência estava avaliada em R$ 98.500”, trouxeram os investigadores, no relatório policial.
A Casa foi declarada por Bolsonaro em menos de R$ 100 mil ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O documento, revelado por reportagem de O Globo, destoa do próprio valor de mercado calculado para o imóvel. Segundo o jornal, uma corretora avaliou a casa de Angra de Bolsonaro em aproximadamente R$ 2,5 milhões.
Em resposta, Jair Bolsonaro divulgou um vídeo nas redes sociais, negando irregularidades financeiras, e afirmou que fez um “Pix” de R$ 900 mil para as reformas. “Essa casa eu adquiri, ou melhor, construí nos anos 1990. Fiz a reforma, sim, de R$ 900 mil, e paguei em Pix. Tudo declarado no imposto de renda, inclusive o valor da reforma, obviamente”, afirmou.
