A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira (16), o desembargador Macário Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), sob suspeita de irregularidades na condução do caso sobre Tiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, deputado estadual do Rio de Janeiro investigado por ligações com o Comando Vermelho.
A prisão ocorreu durante a Operação Unha e Carne 2, que tem como objetivo investigar a atuação de agentes públicos no vazamento de informações sigilosas, que culminou com a obstrução da investigação realizada no âmbito da Operação Zargun, deflagrada em setembro.
A PF cumpre um mandado de prisão preventiva e dez de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
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A ação se insere no contexto da decisão do STF no âmbito do julgamento da ADPF das Favelas que, dentre outras providências, determinou que a PF investigasse a atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no RJ e suas conexões com agentes públicos.
Por meio de nota, a defesa do desembargador alega que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, responsável pelo processo, “foi induzido a erro ao determinar a medida extrema”.
A apuração da PF sobre o magistrado diz respeito ao envolvimento dele no vazamento de informações para beneficiar suspeitos de atuarem junto ao crime organizado. Mas, segundo noticiado, esta não foi a primeira vez que investigações indicaram a possível atuação ilegal do desembargador, que já foi alvo de outros processos por suspeita de venda de sentenças no Espírito Santo.
Conjunto de investigações
A primeira fase da Operação Unha e Carne foi deflagrada no dia 3 de dezembro. Naquela ocasião, o deputado estadual e então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso preventivamente. Na semana seguinte, ele foi solto por decisão do plenário da Alerj. No entanto, Bacellar segue afastado da presidência da Casa e usa tornozeleira eletrônica.
De acordo com a investigação, ele teria passado informações a TH Joias sobre outra operação, a Zargun, na qual TH foi detido, juntamente com outras 17 pessoas.
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Realizada em setembro, a ação da PF teve como foco o desmantelamento de uma rede de lavagem de dinheiro e corrupção que utilizava conexões políticas e judiciais para proteger os interesses de organizações criminosas no estado.
Segundo as investigações, TH teria utilizado suas lojas de joias para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas do Comando Vermelho, além de atuar como elo político da facção. Além disso, foram apontados indícios de seu envolvimento no fornecimento ou intermediação de armas para organizações criminosas.
Conforme decisão do STF expedida também nesta terça (16), TH deverá ser transferido para um presídio federal de segurança máxima.