Agência Brasileira de Inteligência. Foto: reprodução

A Polícia Federal realizou uma operação nesta quinta-feira (11) contra a espionagem ilegal realizada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação mira ex-servidores da pasta e influenciadores do chamado “gabinete do ódio”. Entre os alvos, estão ex-servidores cedidos à Abin e influenciadores digitais que trabalhavam no conhecido gabinete do ódio de Bolsonaro.

Quatro prisões já foram efetuadas: Giancarlo Gomes Rodrigues, Matheus Sposito, Marcelo de Araújo Bormevet e Richards Dyer Pozzer. Um alvo ainda está sendo procurado. Além disso, agentes da PF cumpriram sete mandados de busca e apreensão, recolhendo celulares e computadores.

Sem ter sua casa entre os endereços da operação desta manhã, o vereador Carlos Bolsonaro (PL), o filho “02” do ex-presidente, também é investigado pela PF. Em janeiro deste ano a corporação fez buscas em sua residência, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, mas ele teria se antecipado e saído do local “para pescar”.

Marcelo de Araújo Bormevet, que ganhou a confiança do ex-presidente e de Alexandre Ramagem, foi nomeado como chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) do órgão. Segundo as investigações, essa estrutura era utilizada para monitorar ilegalmente adversários de Bolsonaro.

O agente da Polícia Federal Marcelo Araújo Bormevet, ex-segurança da campanha de Bolsonaro. Foto: reprodução

No governo Lula, Bormevet exerceu um cargo de confiança como assessor na Subchefia Adjunta de Infraestrutura da Casa Civil, mas foi afastado por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em abril, a Controladoria-Geral da União abriu um processo administrativo disciplinar contra ele.

Mateus de Carvalho Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão Bolsonaro, também foi preso. Ele chegou a ser investigado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 por supostamente compor um ‘gabinete paralelo’ que defendia o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.

Outro alvo foi o militar do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, cedido para a Abin na gestão de Alexandre Ramagem. O subtenente já havia sido alvo em outra fase da operação que mira as supostas ilegalidades na Abin. Na agência, ele trabalhava como assessor de Ramagem e participou do monitoramento sem autorização judicial do advogado Roberto Bertholdo, próximo dos ex-deputados federais Rodrigo Maia e Joice Hasselmann, adversários políticos de Bolsonaro.

Richards Dyer Pozzer, empresário e gestor de produção industrial, também foi preso. Ele havia sido investigado na CPI da Covid por disseminar fake news nas redes sociais.

Nesta operação, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nas cidades de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo. O uso do programa espião FirstMile foi revelado pelo jornal O Globo.

As investigações mostram que membros dos três poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, e Carlos Bolsonaro. Foto: reprodução

“Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio”, informou a PF em nota.

A Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio de aparelhos celulares. Após a reportagem, a Polícia Federal abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi usada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo de Bolsonaro.

Além de policiais federais e servidores da Abin, o então diretor da pasta, Alexandre Ramagem, e o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, são investigados por suposta participação na chamada “Abin paralela”. Eles foram alvos de mandados de busca e apreensão e negam envolvimento nos crimes.

Em nota no início do ano, a Abin afirmou que “é a maior interessada na apuração dos fatos”. “Há 10 meses, a atual gestão da Abin vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações”, afirmou a agência.

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Última Atualização: 11/07/2024