Em 2022, uma ação insólita marcou as eleições no segundo turno. Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) impuseram dificuldades para que potenciais eleitores de Lula não pudessem votar. As cenas dos bloqueios foram amplamente divulgadas nas redes sociais, onde foram mostradas a realização de blitzes (batidas policiais sem aviso) em rodovias, principalmente na região Nordeste.

A situação passou a ser investigada e agora ex-diretores e coordenadores da PRF foram indiciados pela Polícia Federal. São eles:

  • Luis Carlos Reischak Junior, ex-diretor de Inteligência e ex-Superintendente da PRF no Rio Grande do Sul;
  • Rodrigo Cardozo Hoppe, ex-diretor de Inteligência Substituto;
  • Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações;
  • Adiel Pereira Alcantara, ex-coordenador de Análise de Inteligência da PRF.

Ao grupo se soma o ex-coordenador-geral de Inteligência e Contrainteligência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bruno Nonato dos Santos Pereira, também indiciado.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques já haviam sido indiciados em agosto do ano passado com outros quatro policiais federais na investigação.

O indiciamento significa que a PF concluiu as investigações e encaminhou o relatório para a Justiça. Este movimento de encaminhamento para o Supremo Tribunal Federal (STF) ocorreu em dezembro, porém somente nesta quarta-feira (22), por meio de reportagem do UOL, a notícia foi revelada.

Após passar pelo STF, o indiciamento vai para a Procuradoria-Geral da República (PGR) que irá decidir se os envolvidos serão denunciados.

Para a Polícia Federal, os citados cometeram os crimes de desobediência, prevaricação, restrição ao exercício do direito do voto e participação no crime de tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.

Tentativa de prejudicar eleitores

As blitzes ocorreram no segundo turno das eleições de 2022, no dia 30 de outubro. Na ocasião, agentes da PRF realizaram batidas que atrasaram eleitores em chegar aos locais de votação, movimento que ficou constatado com o maior volume de pessoas para votar no período da tarde, o que contrariou o que ocorreu no primeiro turno.

A intenção, de acordo com as investigações, era impor dificuldades para que os eleitores desistissem de ir votar ou mesmo se atrasassem.

O então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, havia declarado apoio público a Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, na véspera. Mas o aparelhamento da corporação foi além do simples apoio e se transformou em prejuízos ao livre exercício do voto.

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Com direcionamento para locais em que Lula teve ampla margem de votos sobre Bolsonaro no 1º turno das eleições, as investigações apontam que Vasques e outros indiciados agiram para realizar as operações que causaram engarrafamentos, em especial nas cidades nordestinas.

Durante o dia da votação, ao tomar conhecimento das ações, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro do STF Alexandre de Moraes, ordenou a suspenção imediata das abordagens pela PRF. Ainda que Vasques tenha indicado que as ações estavam suspensas, na prática, não foi isso que se constatou, em evidente desrespeito à ordem do ministro.

Em investigações posteriores ficou evidenciado que a PRF escalou agentes de folga para atuarem em redutos de Lula no 2º turno, sendo que a fiscalização ocorreu em 2.185 ônibus na região Nordeste, contra 571 no Sudeste, o que permite avaliar a maior atuação nos redutos em que o atual presidente era favorito.

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Last Update: 22/01/2025