A Polícia Federal (PF) indiciou mais três militares no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Os novos indiciados são: Aparecido Andrade Portela, militar da reserva e suplente da senadora Tereza Cristina (PL-MS); Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército e ex-chefe de gabinete na Secretaria-Geral da Presidência; e Rodrigo Bezerra de Azevedo, major do Exército e integrante do Comando de Operações Especiais (Copesp).
Em novembro, a PF já havia indiciado Bolsonaro e outros 36 aliados no mesmo inquérito pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Os indiciamentos serão analisados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A previsão é que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresente as denúncias ao Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro de 2025.
Veja o papel atribuído pela PF a cada um na trama golpista:
Aparecido Andrade Portela é apontado pela PF como um dos intermediários entre o governo Bolsonaro e os financiadores das manifestações antidemocráticas. Portela visitou o Palácio da Alvorada 13 vezes em dezembro de 2022.
Segundo as investigações, ele utilizava o codinome “churrasco” em mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid para tratar do golpe. Portela mencionou que financiadores estavam cobrando a execução da “ruptura institucional” após contribuírem com recursos, referindo-se a esses valores como “colaboração da carne”.
Nas mensagens, o militar demonstrava preocupação em não ser identificado como organizador dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Durante depoimento à PF, Portela exerceu o direito ao silêncio.
Reginaldo Vieira de Abreu é acusado de disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro. O militar chegou a levar um hacker à sede da PF em Brasília para tentar formalizar denúncias falsas contra as urnas eletrônicas.
Vieira também manipulou relatórios das Forças Armadas para alinhá-los com informações falsas divulgadas pelo argentino Fernando Cerimedo. Ele também teria repassado informações sobre o deslocamento do ministro Gilmar Mendes em novembro de 2022.
De acordo com a PF, Vieira imprimiu um documento intitulado “Gabinete de Crise” no Palácio do Planalto, que seria usado para assessorar Bolsonaro após o golpe.
Rodrigo Bezerra de Azevedo é acusado de integrar o núcleo operacional de um plano para assassinar o ministro Alexandre de Moraes. Ele usava codinomes e celulares e chips anonimizados, prática comum em missões sensíveis do Exército.