A Polícia Federal (PF) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pen drive contendo imagens e depoimentos coletados nos Estados Unidos como parte das investigações sobre um suposto esquema de desvio e venda de joias pertencentes ao governo durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente, já indiciado pela PF, enfrenta a possibilidade de uma denúncia formal pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Segundo a Carta Capital, o material foi obtido por meio de um acordo de cooperação jurídica firmado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em 2023. Em abril de 2024, agentes brasileiros viajaram para Miami, Orlando, Nova York e Wilson Grove, onde visitaram lojas onde itens de luxo teriam sido comercializados.
Durante a operação, foram apreendidos diversos materiais, como imagens de câmeras de segurança, notas fiscais, fotos e anotações relacionadas às vendas. As informações foram divulgadas pela CNN Brasil nesta segunda-feira, 13 de janeiro.
No relatório final encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, Bolsonaro é acusado de três crimes principais:
- Peculato: Apropriação indevida de bens públicos, como kits de joias, com o objetivo de vendê-los no exterior.
- Lavagem de Dinheiro: Conversão de valores obtidos com as vendas em dinheiro em espécie, sem utilização do sistema bancário formal, ocultando a origem dos recursos.
- Associação Criminosa: Participação ativa no planejamento e execução do esquema desde 2019.
O relatório descreve a cronologia do esquema, desde o recebimento das joias por Bolsonaro, o envio para os Estados Unidos, até a tentativa de recuperar os itens após o caso ganhar repercussão na Justiça.
Antes de deixar o Brasil, em dezembro de 2022, o então chefe do governo transferiu R$ 800 mil para uma conta no BB Américas. Durante sua estadia nos EUA, utilizou exclusivamente dinheiro em espécie para cobrir os custos, mantendo o saldo bancário inalterado ao retornar. Para a PF, esse método é uma forma comum de dar aparência legal a dinheiro obtido de forma ilícita, configurando lavagem de dinheiro.
Os investigadores também destacaram o envolvimento de auxiliares de Jair Bolsonaro no envio e venda das joias, além de manobras para desviar o foco das investigações e ocultar os lucros ilícitos.
“Conclui-se que os investigados se associaram para consecução de um fim comum, qual seja, a prática dos crimes de peculato e lavagem de capitais, objetivando o desvio de bens de alto valor patrimonial recebidos em razão do cargo pelo ex-Presidente da República e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, para posteriormente serem vendidos no exterior”, afirma o documento da PF.
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