
A Polícia Federal (PF) enviou, nesta quarta-feira (18), ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório de investigação que traz novos indícios sobre o envolvimento do ex-ministro Walter Braga Netto e seus aliados no esquema golpista de 2022.
O documento foi elaborado com base na análise do celular de Flávio Peregrino, coronel da reserva e ex-auxiliar do general, que se focava em suas interações com a imprensa. Com informações da Folha de S.Paulo.
O relatório revela que aliados de Braga Netto trabalharam para obter informações sobre o acordo de colaboração premiada firmado por Mauro Cid com a PF. De acordo com a investigação, o ex-ministro participou de um grupo de WhatsApp intitulado “Eleicoes 2022@”, junto com figuras como o deputado Osmar Serraglio, o coronel Franco Duarte, o major Angelo Denicoli, o senador Luis Carlos Heinze e Flávio Peregrino.
O grupo discutia a busca por indícios de fraudes nas eleições presidenciais de 2022, utilizando dados falsificados, que serviram de base para o relatório do Partido Liberal (PL) visando invalidar o segundo turno do pleito.
A PF destaca que Braga Netto exerceu um papel central nas estratégias para desacreditar o sistema eleitoral e incitar seus seguidores a “resistirem” nos quartéis e nas instalações das Forças Armadas, criando o ambiente propício para um golpe de Estado.

Em resposta, a defesa do ex-ministro refutou as acusações, alegando que sua participação no grupo de WhatsApp foi mal interpretada, e reafirmando que Braga Netto sempre respeitou as instituições democráticas.
Além disso, o relatório da PF revela que, em setembro de 2021, o general cogitou apoiar uma ruptura institucional, após as manifestações golpistas de Bolsonaro em 7 de setembro. Durante esse período, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) fez duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes, ameaçando não cumprir suas decisões.
Em mensagem a Mauro Cid, Braga Netto expressou a possibilidade de “virar o jogo”, caso o STF não cumprisse um possível acordo. A investigação conclui que essas trocas de mensagens demonstram uma intenção golpista presente desde 2021.
Atualmente, Braga Netto está preso desde dezembro de 2024, sendo acusado de tentar obstruir investigações e por sua participação no núcleo central da tentativa de golpe de 2022. O ex-ministro, que continua sendo réu no STF, nega envolvimento no golpe e apontou contradições nas declarações de Mauro Cid durante seu depoimento ao Supremo.