Fernando Frazão/Agência Brasil

O general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa no governo Jair Bolsonaro, foi preso neste sábado (14). O nome do militar está entre os 37 indiciados pela Polícia Federal como participantes da trama golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.

O bolsonarista estava em sua residência, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, e será levado ao Comando Militar do Leste, onde ficará sob custódia do Exército.

Além de Paulo Sérgio, que teve a prisão preventiva determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a PF cumpre dois mandados de busca e apreensão e uma medida cautelar diversa da prisão. A Corte considerou que o militar estaria atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal.

O coronel Flávio Peregrino, ex-assessor de Paulo Sérgio, é alvo de busca, em Brasília. Segundo a PF, as medidas judiciais têm como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas.

Reprodução

Paulo Sérgio na trama golpista

No governo de Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio foi ministro da Defesa e concorreu como vice na chapa do ex-presidente pelo Partido Liberal. Segundo o inquérito de mais de 800 páginas, ele foi um dos principais mentores dos planos para matar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Antes de compor o governo de extrema-direita, Paulo Sérgio tinha formação pelo grupo de operações especiais do Exército conhecido como “kids pretos”, que se destacou na trama golpista de 2022.

Em depoimento a Moraes, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, disse que “não se metia” na relação do ex-capitão com os “kids pretos”, grupo formado por militares das forças especiais do Exército.

Segundo Cid, o contato com esses integrantes era conduzido pelo ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio, conforme informações do Globo. O depoimento do tenente-coronel ocorreu no dia 21 de novembro, quando sua delação premiada foi homologada por Moraes, após a PF apontar inconsistências em versões anteriores.

De acordo com o relatório final da PF, o planejamento para matar Lula, Moraes e Alckmin foi apresentado e validado durante uma reunião realizada em 12 de novembro de 2022, na residência de Paulo Sérgio, onde ele e outros kids pretos elaboraram um documento detalhando o plano de ação para manter Bolsonaro como presidente. O grupo de militares nomeou o esquema como “Punhal Verde e Amarelo”.

O objetivo do encontro era “apresentar o planejamento das ações clandestinas com o objetivo de dar suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário”.

“Conforme descrito no presente relatório, a investigação identificou que, após a elaboração do planejamento operacional, realizado pelo general MARIO FERNANDES, para prender/matar o ministro ALEXANDRE DE MORAES e, da mesma forma, os integrantes da chapa eleita LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA e GERALDO ALCKMIN, o núcleo de militares com formação em forças especiais do Exército, os denominados ‘FE’, realizaram um encontro no dia 12 de novembro de 2022, na residência do general PAULO SÉRGIO, para apresentar o planejamento das ações clandestinas com o objetivo de dar suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder judiciário”, disse a PF no relatório.

“A reunião contou com o tenente-coronel MAURO CESAR CID, o Major RAFAEL DE OLIVEIRA e o Tenente-Coronel FERREIRA LIMA, oportunidade em que o planejamento foi apresentado e aprovado pelo General PAULO SÉRGIO”, continuou a corporação.

Conforme denunciou Cid em sua delação premiada, Paulo Sérgio também entregou uma relevante quantia de dinheiro em espécie dentro de uma sacola de vinho para militares. A verba seria destinada a financiar o golpe de Estado.

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Last Update: 14/12/2024