A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (4), a segunda fase da Operação Verine, que apura supostas falsificações nos cartões de vacinação de Jair Bolsonaro (PL) e de sua família, e anunciou o indiciamento do ex-presidente.

A pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o Supremo Tribunal Federal (STF) emitiu mandados de busca e apreensão contra o ex-prefeito de Duque de Caxias e atual secretário de Transportes e Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, Washington Reis (MDB), no intuito de identificar “novos beneficiários do esquema fraudulento”. Também nesta quinta, a PF indiciou Bolsonaro no inquérito que trata do escândalo das joias.

Segundo as investigações, o sistema de dados do Ministério da Saúde (MS) contabilizou, nos dias 13 e 14 de agosto, duas doses de vacina contra covid-19 aplicadas em Bolsonaro, durante suposta visita ao Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias. A PF suspeita que o ex-presidente fraudou o cartão de vacinação para garantir sua entrada nos Estados Unidos dois dias antes de concluir o mandato, burlando regras sanitárias estrangeiras. A operação de hoje mirou ainda Célia Serrano, ex-secretária de Saúde do município fluminense.

Imagens da GloboNews flagraram o ex-prefeito de Caxias dentro de sua mansão em Xerém, enquanto agentes da PF circulavam pelos corredores. Na casa de Reis, foram apreendidos R$ 164 mil, US$ 5,7 mil e € 170, em dinheiro vivo, informa Aguirre Talento, colunista do UOL. Os investigadores recolheram também telefones celulares e aparelhos eletrônicos.

“Na atual fase, são cumpridos mandados de busca e apreensão emitidos pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da República, contra agentes públicos vinculados ao município de Duque de Caxias/RJ, que seriam responsáveis por viabilizar a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 naqueles sistemas”, esclareceu a PF.

As informações foram inseridas em 21 de dezembro de 2022, alegam as autoridades policiais, pelo então secretário municipal de Saúde, João Carlos de Sousa Brecha, mas excluídas menos de uma semana depois, por Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, sob argumentação de “erro no sistema”. Nesse sentido, a PF investiga igualmente o acesso à plataforma digital do Sistema Único de Saúde (SUS), em 27 de dezembro, visando a impressão de certificados de vacinação, a partir de um computador cadastrado no Palácio do Planalto.

À época, Bolsonaro negou ter tomado vacina contra o coronavírus e rechaçou qualquer adulteração no seu cartão ou no de sua filha. “Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso”, rebateu.

Críticas

“Bolsonaro deve estar olhando para o espelho quando fala em ódio, mentira e traição. Foi a marca que ele deixou, quando o povo passava fome na fila do osso e ele passeava de jet-ski. Não deve estar bem da cabeça, se pensa que o país esqueceu as 700 mil mortes na pandemia enquanto ele vendia cloroquina”, lembrou a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), nas redes sociais.

“Espero que o inelegível recupere sua saúde e lucidez, para pagar por cada um dos crimes que cometeu até o fim das longas penas que deve receber da Justiça”, acrescentou Gleisi.

Escândalo das joias

No caso das joias, além de Bolsonaro, a PF indiciou outros três suspeitos que são do entorno do ex-presidente. Por meio de seu perfil oficial na rede social “X”, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) enumerou os aliados do capitão envolvidos no escândalo, de acordo com o inquérito.

“Urgente! A Polícia Federal vai indiciar Bolsonaro pela venda ilegal de joias e pela falsificação de cartões de vacinação. Além dele, a PF pediu o indiciamento de Fabio Wajngarten, Frederick Wassef e Mauro Cid”, publicou o parlamentar, referindo-se a três assessores do ex-presidente.

Bolsonaro, Wassef, Wajngarten e Cid estão no centro da investigação da PF acerca da negociação ilegal das joias presenteadas por delegações estrangeiras. Os itens de alto valor, suspeita a PF, foram omitidos do acervo público da Presidência da República e vendidos para enriquecer o ex-presidente.

Em março, depois de firmar acordo com a Justiça, o coronel Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, prestou depoimentos esclarecedores à PF, tanto no que diz respeito à comercialização ilegal das joias, quanto à falsificação dos cartões de vacina da família Bolsonaro e à tentativa da extrema-direita liderada pelo ex-presidente de desencadear um golpe de estado no Brasil. A delação de Cid foi homologada por Alexandre de Moraes, ministro do STF, em setembro de 2023.

Os relatórios da PF devem ser remetidos ao STF, nesta quinta, conforme apurou o site Metrópoles. Por enquanto, Bolsonaro e os demais suspeitos não correm risco de terem as prisões preventivas decretadas pela Justiça.

Da Redação, com informações da Agência Brasil, BBC Brasil, GloboNews, UOL, Metrópoles

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Last Update: 04/07/2024