Executiva da estatal afirma que R$ 118 bilhões serão aplicados na construção de embarcações, com previsão de 180 mil postos de trabalho; preços dos combustíveis seguem em avaliação conforme cenário internacional
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, anunciou nesta segunda-feira, 26, que a empresa irá contratar 48 embarcações com previsão de conteúdo nacional na fabricação. O investimento estimado é de R$ 118 bilhões, com expectativa de gerar 180 mil postos de trabalho no país.
A informação foi apresentada durante participação no painel “Iniciativas do Setor Produtivo e Transição Verde”, realizado no Fórum Nova Indústria Brasil, sediado no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
Segundo a presidente, os contratos ou editais para essas embarcações deverão ser lançados até 31 de dezembro de 2026.
“Estamos falando em um investimento no Brasil de R$ 118 bilhões no âmbito dessas 48 embarcações. Estamos falando também em 180 mil postos de trabalho novos gerados com estes investimentos”, afirmou Chambriard.
Ela destacou que o valor citado se refere exclusivamente à aplicação nacional. “Não estou falando de investimento total, estou falando de investimento no Brasil. São R$ 18 bilhões no Brasil para estas 48 embarcações e 180 mil postos de trabalho. Embarcações que serão contratadas, ou terão seus editais lançados até 31 de dezembro de 2026”, completou.
Durante a apresentação, a executiva também abordou a política de preços de combustíveis da empresa. Segundo ela, os valores praticados pela Petrobras são revistos periodicamente com base na movimentação dos mercados internacionais. Chambriard afirmou que uma queda nos preços do petróleo pode resultar em redução no valor final de derivados no país.
“A gente tem visto os preços do petróleo caírem, e o real se valorizar. Por óbvio, acompanhamos também o market share dos nossos produtos. Tanto a gasolina quanto o diesel estão abaixo do preço da paridade internacional, então, por enquanto, estamos acompanhando. E, se cair mais o preço do petróleo, de certo, vamos reduzir os preços dos combustíveis”, declarou a jornalistas após o evento.
A presidente da estatal acrescentou que esse acompanhamento é realizado a cada 15 dias e envolve diversos derivados.
“Não estou falando só da gasolina, não. Estou falando da gasolina, do diesel, do QAV (querosene de aviação), do GLP (gás de cozinha). O que nós fazemos é um acompanhamento constante. Tenho dito isso. Nesse momento, estamos confortáveis com o preço da gasolina e do diesel, o que não quer dizer que não vamos seguir acompanhando e verificando as tendências de aumento e de diminuição e o fornecimento dos nossos produtos em todas as refinarias brasileiras”, disse.
Sobre o querosene de aviação, Chambriard explicou que se trata do único combustível cujo preço é reajustado mensalmente, devido a cláusulas contratuais.
“É uma questão contratual. Não fiz a conta ainda, mas se o preço do brent baixou e se o câmbio se valorizou, tem tudo para ser reajustado. Não fiz essa conta ainda”, afirmou, sem indicar qual direção o reajuste poderá tomar.
Outro ponto mencionado pela presidente da Petrobras foi a situação societária da Braskem, empresa da qual a estatal é acionista. Ela classificou a Braskem como um ativo relevante no setor petroquímico global e comentou sobre a proposta de aquisição de controle da companhia feita pelo empresário Nelson Tanure.
“A petroquímica [Braskem] tem hoje uma questão com a Petrobras que é societária. A Braskem tem uma questão societária que a gente precisa resolver, e a proposta do Tanure vem na direção dessa solução, como também uma movimentação de bancos vinha em torno dessa direção dessa solução. O máximo que posso dizer é que espero que qualquer que seja a solução, de certo terá o apoio da Petrobras. Vamos, sim, restaurar a Petroquímica no Brasil e voltar a botar a Petroquímica do Brasil no patamar que ela merece”, afirmou.
Chambriard também abordou o papel do setor petroquímico na transição energética. De acordo com ela, a utilização de combustíveis fósseis permanecerá relevante nas próximas décadas, especialmente para a indústria química.
“Quando a gente fala em descarbonização, quando a gente fala em redução do combustível fóssil, a gente tem uma certeza: o combustível fóssil ainda será muito utilizado nas próximas muitas décadas para uso petroquímico. A gente fala de um gás para petroquímica, uma nafta, mais gás, a gente fala de uma Petrobras que produz óleo e o gás associado, e não podemos largar de mão, de jeito nenhum”, concluiu.
O evento em que as declarações foram feitas integra o Fórum Nova Indústria Brasil, promovido pelo BNDES com o objetivo de discutir iniciativas voltadas à reindustrialização, transição energética e desenvolvimento sustentável.
A Petrobras tem reforçado, em diversas ocasiões, seu posicionamento estratégico de ampliar investimentos com foco em cadeias produtivas nacionais, além de manter monitoramento constante de seus produtos e mercados.
As informações apresentadas não foram acompanhadas de cronograma detalhado de execução, e novas atualizações devem ser divulgadas conforme a implementação das medidas anunciadas.