A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta terça-feira, 10, que a companhia não pretende estatizar a Braskem, mas que deseja aumentar sua participação na gestão da petroquímica.
O posicionamento ocorreu após o lançamento da 10ª edição do Anuário do Petróleo, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), conforme noticiado pelo Valor Econômico.
Em discurso, Chambriard declarou que “a gente entende que a gestão atual da Braskem não conversa com o nosso tipo de gestão”. A executiva reforçou que a Petrobras detém “know-how no setor” e precisa de espaço para contribuir em “decisões estratégicas”.
Segundo ela, “o acordo de acionistas é um ponto [importante] para nós. Quando se olha para a Braskem, a Petrobras tinha muito pouca gestão. Quem entende da área de petróleo somos nós, quem entende de petroquímica somos nós, quem opera nove das refinarias brasileiras somos nós”.
Na composição acionária da Braskem, a Novonor (antiga Odebrecht) responde por 38,3% do capital total e 50,1% das ações ordinárias. A Petrobras soma 36,1% do capital total e 47% das ações com direito a voto, participando da administração por meio de acordo de acionistas.
Mesmo assim, Chambriard sustenta que o estatuto vigente oferece à estatal “pouca influência na condução da companhia” e defende revisão na governança compartilhada.
O debate sobre o rumo da Braskem ganhou nova força em 23 de maio, quando o empresário Nelson Tanure fechou acordo com a Novonor para negociar a aquisição da fatia da empresa na petroquímica. Naquele momento, a Petrobras reforçou que não visa assumir o controle da Braskem, mas sim assegurar gestão alinhada a seus “padrões técnicos e estratégicos”.
Em paralelo, Chambriard comentou o andamento da licença ambiental para perfuração em área da Margem Equatorial. Ela destacou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou a realização da avaliação pré-operacional, etapa final antes da entrega da licença.
A sonda destinada ao bloco FZA-M-59, situado a cerca de 180 quilômetros da costa de Oiapoque (AP), já deixou a Baía de Guanabara em direção ao Amapá, com escalada para abastecimento em Macaé. O equipamento passou por vistoria e limpeza de casco “em conformidade com os critérios ambientais do Ibama”, segundo a executiva.
Para a Petrobras, o avanço na Margem Equatorial representa alternativa diante do declínio natural dos campos do pré-sal. Com a avaliação pré-operacional em curso, o Estado aguarda sinal verde para iniciar perfuração e consolidar sua presença na região.
As falas de Chambriard sintetizam o objetivo da Petrobras de manter Braskem como empresa privada, ao mesmo tempo em que reforçam sua atuação em áreas estratégicas por meio de participação mais ativa nos conselhos e comitês de decisão. A estatal deixa claro que não pretende ampliar sua fatia acionária, mas que considera necessária “reformulação na governança” para trazer sua experiência operacional à frente das decisões.
A combinação de posicionamentos sobre Braskem e Margem Equatorial expõe o desafio de equilibrar urgência por novas fronteiras de exploração e preservação de práticas de gestão compartilhada. Autoridades reguladoras, acionistas e conselhos de administração terão de negociar ajustes no acordo de acionistas para atender às demandas técnicas da Petrobras, sem alterar o regime de propriedade da petroquímica.