A Petrobras afirmou estar pronta para iniciar as atividades de perfuração na Margem Equatorial, dependendo apenas da autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A presidente da estatal, Magda Chambriard, declarou que todas as exigências ambientais foram atendidas e que a empresa já apresentou os documentos necessários para o início das operações.

Em entrevista ao jornal O Globo, Chambriard informou que a estatal elaborou o que classifica como o maior plano de emergência individual já desenvolvido para águas profundas e ultraprofundas.

“Estamos apresentando o maior plano de emergência individual já feito no mundo para qualquer situação em águas profundas e ultraprofundas”, disse.

Como parte das exigências impostas pelo órgão ambiental, a Petrobras construiu um centro de despetrolização de fauna no município de Oiapoque (AP), complementando a estrutura já existente em Belém (PA).

Segundo a executiva, o centro está pronto e a empresa aguarda apenas a inspeção final do Ibama para obter a licença pré-operacional. “Nós entregamos tudo. Toda semana a gente diz para o Ibama: ‘olha, está tudo pronto aqui’”, declarou.

A presidente da Petrobras também buscou esclarecer informações divulgadas a respeito da localização da área que será perfurada. De acordo com ela, o ponto de operação está situado a cerca de 185 quilômetros da costa do Amapá e a aproximadamente 540 quilômetros da foz do Rio Amazonas.

“Há uma bacia sedimentar que se chama Foz do Amazonas e colhemos o infortúnio do nome. Porque, na verdade, o que queremos perfurar são águas profundas do estado do Amapá, a 540 quilômetros da Foz do Amazonas”, afirmou.

Chambriard explicou que a área apresenta potencial exploratório conhecido há mais de dez anos. Durante esse período, a Petrobras tem buscado atender aos critérios regulatórios para iniciar os trabalhos.

“Há mais de uma década que a gente vem tentando perfurar essa área. Atendemos a última exigência do Ibama”, disse.

A estatal informou que a autorização ambiental para o centro de fauna em Oiapoque foi concedida pelo Instituto do Meio Ambiente do Amapá no início de abril. Com isso, o passo seguinte é a vistoria do Ibama para que a licença pré-operacional seja emitida.

A licença permitirá que a Petrobras realize os testes na sonda já posicionada para o trabalho. “A sonda foi limpa aqui, preparada para ser levada. Falta a fiscalização do Ibama desse centro”, afirmou a presidente.

Uma das principais preocupações apontadas pelo órgão ambiental estava relacionada à distância entre o ponto de perfuração e a estrutura de resgate de fauna. Inicialmente, a empresa propôs o uso de embarcações de alta velocidade como solução emergencial. No entanto, o Ibama solicitou a construção de uma estrutura fixa mais próxima, resultando na instalação do centro em Oiapoque.

Durante participação em um evento internacional da indústria petrolífera, realizado nos Estados Unidos, Chambriard utilizou a expressão “Let’s drill, baby” para destacar o potencial da Margem Equatorial perante investidores e fornecedores.

A frase, que ficou conhecida por seu uso pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, gerou questionamentos quanto à sua conotação diante das discussões sobre mudanças climáticas. Questionada sobre o uso da expressão, Chambriard respondeu que a intenção foi atrair atenção para as oportunidades econômicas. “Foi para chamar a atenção”, afirmou.

A presidente da Petrobras participou do evento ao lado do governador do Amapá, Clécio Luís, e de representantes do estado de Sergipe. Na ocasião, reforçou o posicionamento da empresa quanto à importância estratégica da exploração nas regiões Norte e Nordeste do país.

Segundo ela, essas áreas ainda são pouco conhecidas do ponto de vista do potencial de produção e representam oportunidades para ampliar a atuação da estatal e de seus parceiros.

A empresa tem buscado apresentar os projetos da Margem Equatorial como parte de um plano de expansão alinhado às normas ambientais, tentando demonstrar compromisso com a regulação e com medidas de mitigação de impactos.

A Petrobras já enviou quatro comunicações formais ao Ibama reiterando que os requisitos foram cumpridos e que está pronta para receber a inspeção final.

Com a instalação do novo centro em Oiapoque e a preparação da sonda, a Petrobras espera a liberação para iniciar as perfurações nas águas profundas da costa do Amapá, próximas à fronteira marítima com a Guiana Francesa.

Segundo a estatal, o objetivo da campanha exploratória é identificar novas reservas que possam garantir a manutenção da produção de petróleo em médio e longo prazos.

A Margem Equatorial é considerada uma das últimas fronteiras exploratórias do país. O governo federal e autoridades locais têm destacado o potencial da região para atrair investimentos e impulsionar o desenvolvimento econômico em estados como Amapá e Pará, caso a atividade seja liberada.

Até o momento, o Ibama não informou previsão para a conclusão da análise técnica e para a emissão da licença que permitirá o início das operações.

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Last Update: 15/05/2025