Um grupo de cientistas alemães anunciou o sétimo caso de cura provável do vírus HIV na terça-feira (18). O paciente, de 60 anos, passou pelo transplante de medula óssea de um doador que tinha uma mutação genética que o tornava resistente ao vírus.
O homem, apelidado de “novo paciente de Berlim”, recebeu o diagnóstico em 2009. Seis anos depois, descobriu um quadro de leucemia mieloide aguda (LMA), a forma mais agressiva do câncer. Como tratamento, recebeu uma nova medula óssea.
Os médicos, então, aproveitaram a oportunidade para selecionar um doador que tinha uma mutação genética que tornava as células resistentes ao HIV.
Em 2018, o paciente interrompeu o tratamento antirretroviral e, desde então, o vírus não foi detectado nos exames – o que os cientistas entendem como cura, uma vez que o vírus parou de se replicar.
Olaf Penack, médico do departamento de Hematologia, Oncologia e Imunologia do Câncer do hospital Charité, em Berlim, explica que para considerar o homem totalmente curado ainda faltam cinco anos, período em que ele ficará em observação. Caso ele não volte a apresentar o HIV, significa que o tratamento o erradicou totalmente do corpo do novo homem de Berlim.
Apesar do avanço, em nota, Christian Gaebler, do Departamento de Doenças Infecciosas e Medicina de Cuidados Críticos do Charité e do Instituto de Saúde de Berlim da Charité (BIH), ressaltou que o tratamento não é uma alternativa para todos os portadores de HIV.
“Assim que tivermos uma melhor compreensão de quais fatores no segundo paciente de Berlim contribuíram para que o vírus fosse erradicado de todos os seus esconderijos, então essas descobertas podem ser usadas para desenvolver novos conceitos de tratamento, como terapias imunológicas baseadas em células ou vacinas terapêuticas”.
Todos os sete casos de remissão do vírus HIV até o momento foram de pacientes diagnosticados também com câncer e que foram submetidos ao transplante de medula óssea, em que o doador apresentava mutações genéticas.