Os apoios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair Bolsonaro podem não ter efeito esperado nas eleições municipais, segundo um levantamento realizado pelo Instituto da Democracia.
Segundo a pesquisa, de quatro a cinco em cada dez eleitores dizem que não votariam em candidatos a prefeituras apoiados por um ou por outro. Esses índices superam os registrados pelos governadores.
A pesquisa, feita entre 26 de junho e 3 de julho, contou com mais de 2,5 mil entrevistas presenciais em 188 cidades de todo o país. Financiada pelo CNPq, Capes e Fapemig, a margem de erro é de dois pontos percentuais.
Os dados revelam que o apoio de Lula ajuda mais, sendo o político mais querido do Brasil, e atrapalha menos do que o de Bolsonaro. No caso do atual presidente, 40% dos entrevistados rejeitam votar em um aliado do petista, enquanto 53% consideram essa possibilidade — embora apenas metade desses diga que votaria com certeza no indicado.
Para Bolsonaro, 49% dos eleitores rejeitam candidatos apoiados por ele. Entre os que consideram votar em um aliado do ex-presidente, apenas dois em cada dez afirmam que o apoio garantiria seu voto.
Os governadores são rejeitados como “padrinhos” por 36% dos entrevistados, enquanto 21% garantem votar em alguém com seu apoio. Segundo Oswaldo Amaral, diretor do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp, as rejeições às figuras nacionais afastam-nas dos pleitos municipais.
Apesar das dificuldades, Lula e Bolsonaro mantêm maior protagonismo do que outras figuras nacionais. Governadores como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, têm taxas de desconhecimento beirando um terço dos entrevistados. As rejeições a Tarcísio e Zema são superiores aos índices de aceitação. Lira, por sua vez, tem rejeição de 40%, a mesma de Lula.
Lula atrai a estima de 35% dos entrevistados, enquanto Bolsonaro tem 28%, com 49% afirmando não gostar do ex-presidente, a maior taxa. O cientista político João Féres, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj, acredita que a ascensão de Bolsonaro, apesar de sua rejeição, pode ter influenciado a imagem de Lula. “A série histórica mostra que o pico do antipetismo ocorreu em 2018, e que desde então houve um refluxo disto”, avaliou Féres.
Os pesquisadores apontam ainda uma possível transferência de rejeições de Lula e Bolsonaro para figuras associadas a eles, como o ministro da Fazenda Fernando Haddad e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, cotada como sucessora do marido.