Uma pesquisa do Mission Brasil revelou que a maioria dos brasileiros interrompe os estudos para ingressar no mercado de trabalho.
O levantamento, realizado com 400 pessoas de diferentes idades e contextos socioeconômicos, identificou que 43% dos entrevistados possuem apenas o ensino médio completo.
Outros 18% concluíram o ensino superior, enquanto 19% ainda não finalizaram a graduação.
Desafios para a continuidade dos estudos
Apesar de 59% dos participantes considerarem a educação importante para o crescimento profissional, muitos enfrentam dificuldades para continuar os estudos.
Entre os principais obstáculos estão a baixa renda e a necessidade de ingresso precoce no mercado de trabalho.
Cerca de 41,5% dos entrevistados ganham até um salário mínimo, enquanto 41% recebem entre um e dois salários mínimos.
Dificuldades financeiras foram citadas por 18,11% dos entrevistados como a principal barreira para avançar na escolaridade.
Outros 4% relataram problemas familiares, enquanto 3,6% mencionaram falta de interesse pela educação.
A indisponibilidade de vagas nas escolas e questões de saúde também apareceram entre os motivos, com 1,05% e 0,8% das respostas, respectivamente.
Prioridade entre trabalho e educação
A pesquisa também revelou um paradoxo enfrentado por muitos brasileiros: a necessidade de equilibrar a formação acadêmica com a estabilidade financeira.
Enquanto 72,7% dos entrevistados afirmam ter priorizado o trabalho ao longo da vida, 37,3% consideram a educação uma prioridade média.
Apenas 3% disseram dar baixa prioridade à formação escolar.
Perfil dos participantes
Os entrevistados são predominantemente homens (56%) e não possuem filhos.
A maioria se identifica como branca (47%), seguida por pardos (34%).
Em relação à faixa etária, 184 participantes têm entre 18 e 26 anos, enquanto 127 estão na faixa de 27 a 35 anos.
Esses dados indicam que grande parte dos respondentes está em um momento decisivo para escolhas sobre educação e carreira.
O estudo também analisou a distribuição geográfica dos entrevistados.
São Paulo concentra 30,5% das respostas, seguido por Minas Gerais (8,75%), Rio de Janeiro (7,25%) e Paraná (5,75%).
Outras regiões também tiveram participação significativa, como Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia.
Impacto na empregabilidade e soluções
Para Thales Zanussi, CEO da Mission Brasil, os dados reforçam a necessidade de facilitar o acesso à educação continuada e ao desenvolvimento profissional.
“A pesquisa mostra um desafio importante: muitas pessoas reconhecem o valor da educação, mas precisam interromper os estudos para ingressar cedo no mercado de trabalho”, afirma.
Ele destaca que a capacitação contínua deve ser incentivada e que o setor privado pode contribuir com soluções que ajudem a conciliar trabalho e estudo.
Modelos como ‘anywhere office’ e plataformas de renda extra podem ser alternativas viáveis.
Com base nos dados levantados, o estudo abre espaço para discussões sobre políticas públicas e programas de qualificação.
Além disso, reforça a importância de iniciativas que promovam maior inclusão e igualdade de oportunidades no mercado de trabalho.