A nova pesquisa da Quaest, divulgada nesta quarta-feira 2, revela em números a crescente tensão entre o Legislativo e o Judiciário.
Segundo o levantamento que entrevistou deputados federais em exercício, cresceu a avaliação negativa ao trabalho dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Ao todo, são 48% que fazem esta indicação. Eram 40% em maio de 2024, quando a Quaest ouviu pela última vez os deputados sobre o assunto.
Neste mesmo período, caiu o grupo que aponta avaliação positiva ao trabalho do STF. São, agora, apenas 27% que fazem essa afirmação. Eram, em maio do ano passado, 34%.
A avaliação regular, por sua vez, atinge 18% dos deputados e é levemente menor do que no levantamento anterior, quando foi de 21%. Só 7% não souberam ou não quiseram responder. Eram 5% em maio de 2024.
Desgaste atinge todos os setores da Câmara
O desgaste da imagem do Supremo na Câmara, segundo os dados da Quaest, atinge todos os grupos de deputados, divididos no levantamento entre ‘governo’, ‘oposição’ e ‘independentes’.
Entre os governistas, a avaliação do STF ainda é positiva, mas recuou significativamente no último ano. Já no grupo da oposição, a avaliação positiva ao trabalho dos ministros, que já era pequena (5%) em maio de 2024, caiu a zero nesta quarta-feira. Entre os independentes, a avaliação negativa agora é majoritária. Veja os números:
Invasão de competência
A pesquisa desta quarta-feira também aponta que boa parte dos deputados avaliam que o STF tem ‘invadido as competências do Congresso’ em decisões recentes. A avaliação, de acordo com a pesquisa, seria o grande motivador da tensão entre os dois Poderes. Confira os resultados:
A afirmação, convém registrar, já havia aparecido em declarações recentes de deputados e senadores, que acusam o STF de ‘legislar’ em temas que deveriam ser tratados pelos parlamentares, como a regulação das redes sociais e o pagamento de emendas. Os ministros, reiteradamente, negam a acusação e apontam obrigação de se posicionar em temas que foram judicializados.
Impeachment de ministros
O levantamento, por fim, questionou os deputados sobre a perspectiva de tramitação do projeto que objetiva destituir ministros do STF do cargo. O entendimento majoritário, neste caso, é de que o texto não irá ser aprovado no Congresso Nacional.
Marcam esta opção, 65% dos deputados. Só 22% dos entrevistados acham que a proposta tem alguma chance de ser aprovada. Outros 13% não quiseram ou não souberam responder.
A pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Quaest foi contratada pela consultoria de investimentos Genial e ouviu 203 deputados federais entre os dias 7 de maio e 30 de junho. As entrevistas levam em conta o perfil demográfico e partidário da Câmara. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais.