
Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) desmentem o empresário bolsonarista Ricardo Faria, conhecido como “Rei do Ovo”. Segundo ele, brasileiros mais pobres estão “viciados no Bolsa Família” e não têm disposição para trabalhar.
De acordo com levantamento do Ipea, o desemprego tem apresentado uma forte queda nos últimos anos, principalmente entre os brasileiros mais pobres, que também registraram avanços em renda e formalização do trabalho desde 2019.
Mesmo com o aumento no valor do Bolsa Família para cerca de R$ 600 a partir do segundo semestre de 2022, a taxa de desocupação no país é hoje menor do que há dez anos. Em 2014, com o benefício ainda abaixo de R$ 100 por pessoa, o desemprego médio foi de 4,8%. No ano passado, com o novo valor do programa, a taxa foi ainda menor: 4,2%.
No período, o número de brasileiros ocupados subiu de 58,1% para 58,6%, e a presença no mercado de trabalho aumentou de 62,5% para 62,8%. O estudo do Ipea aponta que a queda no desemprego entre os mais pobres foi proporcionalmente maior do que entre os demais grupos.

Uma análise da renda domiciliar per capita entre 2019 e 2023 mostra que, entre os 20% mais pobres, o trabalho com carteira assinada cresceu 1,1 ponto percentual. A renda do trabalho também aumentou, com ganho médio de 9,5% ao ano, acumulando alta de 43,6% no período.
Marcos Hecksher, economista responsável pelo estudo, aponta que declarações do tipo, com críticas a trabalhadores mais pobres, vêm de “empresários que sentem saudade de ver mais pobres desempregados, quando podiam contratá-los pagando menos”.
Informações encontradas em sites de contratação na internet mostram que a Graja Faria, fundada pelo empresário bolsonarista, paga uma média de R$ 1.670 ao mês para quem trabalha como operador de produção, salário 14% inferior à média nacional para a função.