Apesar dos avanços em diversidade e inclusão no ambiente corporativo, a presença da Geração Z em cargos de liderança ainda é rara. Levantamento do InstitutoZ, braço de pesquisa da Trope, em parceria com a MMA Latam, revela que apenas 1 em cada 10 empresas conta com profissionais da Gen Z – entre 15 e 29 anos – em posições de tomada de decisão.
Mesmo em setores mais inovadores, é comum ver jovens ocupando cargos operacionais ou de supervisão básica, enquanto funções gerenciais e executivas seguem concentradas em profissionais mais velhos.
Lógica geracional ultrapassada
Segundo Luiz Menezes, fundador da Trope, há um paradoxo instalado nas estruturas corporativas: jovens são a base da execução, mas não têm voz nas decisões.
“Existe uma resistência cultural. A idade virou uma barreira simbólica. Jovem demais para liderar? Velho demais para inovar? O problema está na segregação geracional. Isso impede que empresas formem times intergeracionais, e limita seus resultados”, afirma.
A ausência de jovens nos espaços de decisão revela não apenas um problema de representatividade, mas um entrave estratégico. Ao desconsiderar a perspectiva da Geração Z, empresas deixam de entender – e antecipar – o comportamento de seus próprios consumidores.
Baixa diversidade etária na liderança
A pesquisa ainda mostra que apenas 10% das empresas têm um time diverso em idade também nas posições de liderança. Outros 23% afirmam ter equipes com faixas etárias variadas, mas sem participação jovem no comando.
Enquanto isso, 20% das empresas concentram suas equipes – inclusive lideranças – na faixa dos 30 aos 40 anos. Já 5% operam com times majoritariamente acima dos 40.
Liderança sob novas condições
De acordo com Fabiano Lobo, CEO da MMA Latam, a Geração Z é marcada pela velocidade de consumo de informação e busca ascensão mais rápida. Essa pressa, muitas vezes mal interpretada, contribui para índices elevados de insatisfação e rotatividade.
Segundo ele, empresas que criam programas de capacitação para liderança jovem têm mais chances de reter esses talentos. “Eles querem liderar, sim. Mas desde que isso venha com autonomia, escuta ativa e uma cultura alinhada aos seus valores”, diz.
Integração de gerações
Para Luiz Menezes, ignorar a participação da Geração Z em decisões estratégicas, especialmente quando os produtos são voltados a esse público, representa um erro de longo prazo. “Se quem decide não é quem consome, temos um gap estratégico. Sem essa conexão, a marca perde relevância, vendas e espaço de mercado”, alerta.
Ele defende que a Geração Z seja reconhecida como força ativa, não apenas como público-alvo das campanhas. A integração com outras gerações – como Millennials, Geração X e Baby Boomers – não só fortalece as equipes, como promove confiança, troca de experiências e decisões mais consistentes.