A China alertou que “ninguém vencerá uma guerra comercial” e permanece aberta ao “diálogo” após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, prometer aumentar substancialmente as tarifas alfandegárias sobre mercadorias chinesas. O republicano anunciou que uma de suas primeiras medidas seria taxar em 10% os produtos provenientes da China, além dos impostos já em vigor.

“Estamos abertos a manter o diálogo e a comunicação”, disse Mao Ning, porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, quando questionado se Pequim estava em contato com a equipe de Trump.

Em reação às ameaças do republicano de impor novas tarifas alfandegárias aos produtos chineses, mexicanos e canadenses, as bolsas europeias abriram em queda nesta terça-feira. Os investidores ainda tentam digerir as declarações de Donald Trump, que já confirmou as suas intenções de fortalecer a guerra comercial.

Promessa de campanha

O anúncio das novas medidas é uma antiga promessa da campanha republicana. “Em 20 de janeiro, como uma das minhas primeiras ordens executivas, assinarei todos os documentos necessários para impor tarifas de 25% sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos, do México e do Canadá”, escreveu o presidente eleito em publicação em sua rede.

Numa outra publicação, ele anunciou um aumento das tarifas aduaneiras de 10%, que se soma a cobrança já existente, sobre “todos os numerosos produtos que chegam da China aos Estados Unidos”.

Diversificação

Para enfrentar essa nova realidade de mercado, Pequim já reforça as suas relações comerciais com o Sul global e a Europa, a fim de reduzir a sua dependência do mercado americano. Isto envolve a assinatura de novos acordos comerciais e a participação em cúpulas internacionais destinadas a promover o comércio multilateral.

A China também pode mitigar o impacto da redução das exportações ao impulsionar a demanda interna. As políticas para aumentar os gastos dos consumidores e investimentos em projetos de infraestrutura são fundamentais para esta estratégia.

Há também a iniciativa “Made in China 2025”, que se concentra no avanço das indústrias de alta tecnologia para reduzir a dependência de tecnologia.

As empresas chinesas tentam se antecipar às novas taxas planejadas por Donald Trump, realocando a sua produção para outros países. A ideia é fabricar mais no Vietnã, na Malásia ou na Tailândia, para continuar exportando para os Estados Unidos, mas evitando assim a taxação.

Consequências mundiais

Os economistas alertaram que a imposição de tarifas punitivas por Trump sobre as importações dos parceiros comerciais dos EUA aumentaria a inflação na maior economia do mundo, uma vez que os custos recairiam pesadamente sobre os consumidores americanos. No entanto, isso também afetaria a economia global como um todo.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que estas tarifas teriam impacto de reduzir o crescimento econômico global em 0,5%, o que poderia levar a uma recessão global.

A China e outros países afetados poderiam impor as suas próprias tarifas sobre os produtos dos EUA, o que poderia perturbar ainda mais o comércio global e a estabilidade econômica.

(Com RFI e AFP)

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Last Update: 26/11/2024