Apesar de a maior parte dos donos de pequenos negócios (79%) entenderem que as questões relacionadas ao consumo de energia são importantes para a empresa, 54,7% dos empreendimentos ainda não implementam nenhum plano ou política interna de redução do insumo, enquanto 35,8% já adotam algum tipo de gestão, sendo que 9,5% inclusive têm sistema próprio de geração de energia. Outros 7,5% não souberam responder.
Os dados inéditos foram obtidos pelo Programa Sebrae Energia, a partir do diagnóstico do perfil energético feito com mais de 1.200 empreendedores de diversos segmentos desde abril de 2023. Os participantes declararam que até existem ações de conscientização sobre o consumo de energia entre os funcionários (52,8%), mas que, apesar disso, o negócio não tem uma pessoa responsável pela implementação de plano de redução do insumo (60,4%). A maioria dos empreendedores (55,6%) também não se lembram quando foi a última vez que buscou ou foi apresentado a alguma solução para melhoria da gestão do consumo.
Os dados preocupam, já que o país registrou um avanço no consumo de energia elétrica no ano passado – o crescimento geral foi de 3,7%, sendo que, apenas no recorte de residências e pequenos negócios, a alta foi de 2,5%. As informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) sinalizam ainda que a perspectiva para 2024 é de mais aumento, de 3,5%.
Atento às necessidades de orientação e conscientização contínuas dos empresários, o Sebrae disponibiliza a Jornada Custo, Consumo e Geração de Energia. O serviço permite que os donos de pequenos negócios conheçam melhor o seu perfil energético e, com isso, maximizem o uso da energia.
“Esse é um tema que vem sendo trabalhado há muito tempo pelo Sebrae, mas percebemos que é cada vez mais urgente envolver aspectos relacionados à sustentabilidade do planeta e consumo consciente dentro da gestão dos pequenos negócios”, afirma Carolina Moraes, analista de Competitividade do Sebrae. E completa: “É preciso implementar medidas proativas para a redução de custos nas micro e pequenas empresas e o Sebrae se coloca no papel de orientar, sobretudo de forma isenta, sobre como o empresário pode escolher soluções energéticas adequados à sua realidade”.
Empresária descobriu vilão no consumo e reduziu em 25% a conta de luz
Em Goiás, a empresária Lindomar Maria Barbosa faz malabarismos para administrar as diversas contas de energia da sua marca de roupas plus size Zênite. Com cinco lojas físicas e uma pequena fábrica para confecção própria, ela buscou o apoio do Sebrae para descobrir como diminuir o custo de energia elétrica que hoje representa o segundo maior gasto do negócio, ficando atrás apenas do valor pago com o aluguel dos estabelecimentos.
“Fizemos uma medição de cada aparelho em todas as lojas e na fábrica. Descobrimos que o ar-condicionado é o grande vilão na nossa conta de energia e que a fábrica, por incrível que pareça, não é nosso maior consumo”, conta.
Segundo ela, o gasto com o aparelho de ar-condicionado tem aumentado ano após ano. “Aqui em Goiânia está cada dia mais quente e as mudanças climáticas geram preocupação. São questões que impactam diretamente o meio ambiente, mas também os nossos negócios”, comenta a empresária.
Após orientação do Sebrae, Lindomar conseguiu diminuir, em média, entre 20% e 25% seu gasto com energia. “Troquei alguns aparelhos que estavam danificados e tenho sensibilizado constantemente as vendedoras para evitarem o uso contínuo do ar-condicionado e preferirem ligar o ventilador nos provadores apenas quando necessário”, explica.
Dados do mapeamento do Sebrae
O que pensam e como agem os donos de pequenos negócios quando o assunto é consumo de energia
- Entende que a gestão de energia e sustentabilidade é importante – 79% sim
- Existe um plano/política interna de redução de consumo – 54,7% não
- Existem ações de conscientização de economia de energia entre os funcionários – 52,8% sim
- Existe um responsável por plano de redução de energia – 60,4% não
- Tem fontes alternativas de obtenção de energia, sem ser elétricas – 79,4% não
- A energia tem importância na tomada de decisão econômica da empresa – 66,7% sim
- Qual foi a última vez que foi oferecido ou buscou alguma solução em energia – 55,6% não lembra
- Tem uma solução implementada – 83% Não
- Possui sistema próprio de geração de energia – 9,5% sim