Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia. Foto: reprodução

Em uma mudança significativa de postura, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu neste domingo (17) a possibilidade de iniciar negociações de paz com a Rússia tendo como base a atual linha de frente do conflito. A declaração foi feita em Bruxelas após encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, marcando a primeira vez que o líder ucraniano demonstra flexibilidade sobre a questão territorial desde o início da invasão russa.

“Precisamos de negociações reais, o que significa que podemos começar por onde está a linha de frente agora”, afirmou Zelensky, em declaração que representa um ajuste estratégico diante do novo cenário geopolítico criado após a cúpula entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump e da Rússia, Vladimir Putin, na sexta-feira (15).

O encontro bilateral, do qual a Ucrânia foi excluída, terminou sem um cessar-fogo imediato, mas com Trump adotando uma retórica mais alinhada às posições do Kremlin ao defender um “acordo de paz permanente” em vez de uma simples trégua temporária.

A possível abertura para negociações baseadas nas posições atuais no terreno sugere que Kiev estaria disposta a considerar algum tipo de arranjo territorial que reconhecesse o controle russo sobre partes do leste da Ucrânia, embora Zelensky tenha mantido sua exigência por garantias de segurança robustas.

Analistas apontam que qualquer acordo provavelmente envolveria a consolidação do controle russo sobre Lugansk (já totalmente ocupada) e partes de Donetsk, em troca da devolução de algumas áreas recentemente conquistadas pelas forças de Moscou nas regiões de Sumi e Kharkiv.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em Bruxelas. Foto: Bart Biesemans/Reuters

A declaração do presidente ucraniano ocorre em um momento de crescente pressão militar russa no front oriental, particularmente na região de Donetsk, onde tropas russas têm avançado em direção a posições estratégicas. Simultaneamente, a iniciativa reflete a necessidade de Zelensky de se reposicionar diplomaticamente após ser excluído das conversas diretas entre Trump e Putin, que estabeleceram um novo marco nas negociações sobre o conflito.

Em resposta à mudança no cenário diplomático, líderes europeus se mobilizaram para oferecer alternativas que preservem a segurança ucraniana sem necessariamente incluir o país na OTAN. Von der Leyen reafirmou o compromisso da UE com o “caminho da Ucrânia em relação à adesão” ao bloco, enquanto a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni propôs um sistema de garantias de segurança inspirado no artigo 5 da OTAN, mas sem a adesão formal.

O presidente francês Emmanuel Macron alertou sobre os riscos de mostrar fraqueza diante da Rússia, argumentando que isso poderia “preparar o terreno para conflitos futuros”.

Zelensky viaja na segunda-feira (18) a Washington para uma série de reuniões cruciais com Trump e outros líderes ocidentais, incluindo Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, o chanceler alemão Friedrich Merz e a própria Meloni.

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Last Update: 17/08/2025