O Sintaema se soma à luta da população do Morro Grande, em Cotia (SP), contra mais um ataque ao patrimônio público e à memória do trabalho: a demolição de parte da histórica Vila Operária do DAE, um verdadeiro símbolo da engenharia sanitarista e da moradia operária no estado de São Paulo.
Construída entre as décadas de 1910 e 1930, a Vila abrigou trabalhadores e trabalhadoras responsáveis pela construção da Estação de Tratamento do Alto Cotia, da Barragem da Cachoeira da Graça e da Represa Pedro Beicht — obras fundamentais para o abastecimento da capital paulista. São 52 residências, Igreja, Grêmio de Trabalhadores, escola, campo de futebol, enfermaria e praça central: um conjunto arquitetônico, histórico e social de enorme valor para a memória do saneamento.
Mas esse legado está sob ataque. Nesta semana, dez casas da Vila foram demolidas pela Sabesp, agora privada, sob a justificativa de que os imóveis estavam “sem viabilidade de restauração”. Um absurdo! A degradação que agora é usada como pretexto para a destruição é resultado direto do abandono e da negligência dos mesmos órgãos públicos que deveriam zelar por sua preservação.
Esse caso é mais um exemplo do que a privatização do saneamento representa na prática: desrespeito à história, desmonte do patrimônio, apagamento da memória dos trabalhadores e avanço da especulação imobiliária sobre áreas públicas.
Desde 2018, a comunidade local tem se mobilizado com força para preservar a Vila e a Reserva Florestal do Morro Grande, com ações educativas, culturais e políticas. Em 2024, o local recebeu o título de Ponto de Memória Coletivo – Ecomuseu Morro Grande, em reconhecimento à importância de sua trajetória. Mas nem isso foi suficiente para barrar a sanha privatista.
O Sintaema se une aos movimentos sociais, pesquisadores, moradores e entidades da região para exigir:
- A reabertura imediata do processo de tombamento da Reserva Florestal do Morro Grande (RFMG), incluindo a Vila Operária do DAE;
- A suspensão de qualquer nova demolição, até a conclusão do processo de avaliação patrimonial;
- A responsabilização da Sabesp privada e da Prefeitura de Cotia pela destruição já realizada;
- O reconhecimento da Vila como patrimônio histórico, social e industrial do Estado de São Paulo.
Essa luta não é só de Cotia. É de todas e todos que defendem o saneamento público, a memória do trabalho e o direito à cidade. A tentativa de apagar o passado da Vila Operária do DAE é parte da mesma lógica que tenta apagar o papel histórico da Sabesp como empresa pública.
Privatizar é apagar. Privatizar é destruir. Privatizar é romper com a história do povo trabalhador.
O Sintaema diz: basta de abandono! Por memória, história e soberania — a Vila é do povo!