O movimento operário no Brasil está em um impasse.
A política das direções das organizações populares estão colocando a classe trabalhadora a reboque da frente ampla, uma aliança com setores da burguesia que bloqueia a mobilização popular e entrega a luta para a direita. O governo Lula, ao se recusar a romper com a frente ampla, se isola da sua base social e se enfraquece frente aos ataques do imperialismo e da burguesia nacional.
O problema central colocado hoje não é apenas o aumento do salário mínimo, a redução da jornada de trabalho ou a recuperação dos direitos retirados durante o golpe. A grande questão é como conquistar essas reivindicações. E a resposta passa, necessariamente, pela independência política da classe operária.
A colaboração com a burguesia impede qualquer avanço. A frente ampla foi organizada sob o pretexto de combater o fascismo e o bolsonarismo, mas seu efeito real foi paralisar a classe trabalhadora, impedir a luta por suas reivindicações e fortalecer a direita. A frente ampla é o principal entrave ao avanço do movimento operário e popular no Brasil.
As “centrais sindicais”, como se autodeclaram as entidades criadas para se opor à Central Única dos Trabalhadores (CUT), decidiram transformar o Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores em uma festa patronal. Neste ano, a Força Sindical, a UGT, a CTB, a CSB, a Nova Central e a Pública organizarão, em São Paulo, um 1º de Maio baseado em sorteios de automóveis, shows e discursos inócuos, destruindo a data histórica da luta operária.
A CUT anunciou que não participaria da organização do evento, ainda assim, seus dirigentes devem comparecer como “convidados”. A central afirmou que faria atos pequenos, locais, sem convocar um ato nacional. O governo Lula, por sua vez, decidiu não participar de nenhum dos atos.
A realização de um ato de primeiro de maio patronal expressa a retomada de uma tradição imposta pela ditadura militar: transformar o dia de luta dos trabalhadores em uma festa, afastando a classe operária de suas reivindicações fundamentais. A Força Sindical, dirigida pelo deputado golpista Paulinho da Força (Solidariedade-SP), se encarrega de liderar esta ofensiva patronal, financiada abertamente pelos empresários e pelos bancos.
A ausência da CUT na organização formal do ato patronal é, por si só, insuficiente. Ao aceitar comparecer como convidada, a principal central operária do País se mantém a reboque das direções pelegas e da burguesia. Mais grave ainda é o fato de que a CUT não organizou, até o momento, nenhum grande ato próprio para contrapor a política da direita sindical. Prevalece, assim, a política de capitulação diante da ofensiva patronal.
Mais do que nunca, é necessário organizar um 1º de Maio classista, de luta e independente. Um ato que levante as reivindicações históricas da classe operária, que aponte um caminho de enfrentamento contra a burguesia e o imperialismo, e que chame os trabalhadores à mobilização para romper com o regime de colaboração de classes.
As reivindicações centrais para um verdadeiro 1º de Maio de luta devem ser claras: aumento emergencial de 100% do salário mínimo e de todos os salários; redução da jornada para 35 horas semanais sem redução dos salários; cancelamento da dívida pública e fim do pagamento de juros aos parasitas do sistema financeiro; exploração soberana do petróleo nacional; estatização do sistema financeiro e das empresas privatizadas; fim da “independência” do Banco Central e redução imediata das taxas de juros; reforma agrária com expropriação do latifúndio.
Essas são as reivindicações que podem mobilizar a classe operária para enfrentar a crise.