Neste domingo (25), ocorreram na Venezuela eleições gerais para membros da Assembleia Nacional, governadores e membros dos Conselhos Legislativos Estaduais, bem como para prefeitos e vereadores.

Mais de 21 milhões de venezuelanos participaram do processo eleitoral, isto é, mais de 70% da população, tendo sido instaladas um total de 15.736 seções eleitorais e 27.713 mesas de votação, conforme informado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país.

Estas eleições marcam a primeira vez que os venezuelanos votaram para eleger governador e deputados para o Conselho Legislativo da Guiana Essequibo, região historicamente da Venezuela, mas que está sob o domínio do imperialismo através da Guiana, país vizinho.

O estado foi formalmente criado após referendo realizado em 3 de dezembro de 2023, do qual participaram 51% dos eleitores venezuelanos. Mais de 99% votaram a favor da incorporação da região de Essequibo à Venezuela, e o referendo foi confirmado pelo governo em abril de 2024. Ainda não houve incorporação de fato de Essequibo à Venezuela.

Falando sobre as eleições deste domingo, Diosdado Cabello, secretário-geral do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e vice-presidente do setor de Política, Segurança Cidadã e Paz, descreveu o evento como “uma demonstração de democracia verdadeira, pessoal e protagonista”, liderada por “um povo determinado a exercer sua própria soberania”

Falando à imprensa logo após votar, ele frisou que a Venezuela não precisa ficar na defensiva sobre a questão da participação, conforme noticiado pela emissora Telesur.

No mesmo sentido foi a declaração de Vladimir Padrino, ministro da Defesa, que afirmou que “o voto reafirma a soberania e é um instrumento de paz”. Falando sobre a votação para representantes da Guiana Essequibo, Padrino informou que, naquele território, foram instaladas 12 seções eleitorais e que a população estava votando pacificamente. Afirmou também que “estamos cumprindo um mandato constitucional decorrente do referendo consultivo de 3 de dezembro de 2023. Estamos reafirmando nossa soberania”, frisando igualmente que “ninguém pode nos dizer para não realizar eleições. É um ato de soberania. Não estamos sacando armas; estamos convocando o povo a votar“.

Da mesma forma, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, declarou que os direitos da Venezuela ao Essequibo são inalienáveis:

“O único país com título legítimo sobre o Essequibo é a Venezuela; o resto é uma conspiração para roubar o território, na qual o Império Britânico participou junto com os Estados Unidos para tomar Essequibo Guiana do país por sua imensa riqueza. Nossos direitos são inalienáveis, e as autoridades de Guiana Essequiba devem levar isso em conta. Elas estão agindo cada vez menos como autoridades de seu próprio país e cada vez mais como funcionários subservientes da ExxonMobil, respondendo a interesses transnacionais.”

Falando especificamente sobre o pleito eleitoral, ela afirmou que “é uma forma de falar ao mundo sobre a resistência do povo venezuelano, sobre a vitória do povo venezuelano, e hoje o caminho para a paz e a tranquilidade é reafirmado“.

Conforme noticiado pela emissora Telesur, houve alta participação eleitoral em Essequibo, com 21.500 venezuelanos se mobilizando para exercer seu direito de voto em 12 assembleias de voto localizadas em El Dorado, Las Claritas e San Martín de Turumbang. 

A emissora também informa que a oposição venezuelana participou ativamente das eleições e, conforme observador internacional Elis Quedraogo, de Burquina Fasso, houve normalidade e transparência no processo eleitoral: “vimos uma organização muito boa do Conselho Nacional Eleitoral e total profissionalismo dos membros das seções eleitorais”, declarou o observador, acrescentando que não viu “nenhum eleitor com dificuldades de identificação ou falta de material de votação” e que não houve nenhum incidente nos centros eleitorais que visitou.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também se pronunciou sobre as eleições, logo após votar. O mandatário declarou que “conseguimos derrotar a violência que os terroristas planejavam para o país. Nós os derrotamos novamente, os violentos, os fascistas”, fazendo referência à tentativa fracassada de golpe realizada pelo imperialismo em 2024 durante e depois das eleições presidenciais. 

À época, como vem fazendo desde o início dos anos 2000, o imperialismo mobilizou a oposição golpista na Venezuela para derrubar Maduro. A tentativa fracassou e, recentemente, o governo nacionalista venezuelano prendeu 50 conspiradores lacaios do imperialismo.

Sobre o pleito, maduro também declarou que “a Venezuela é o país com as eleições mais livres, soberanas e democráticas da história da humanidade nos últimos 100 anos” bem como afirmou que “a quem for eleito, independentemente do partido, tenho meu respeito e reconhecimento. Estendo minha mão para trabalhar com qualquer governador eleito do país nos 24 estados“.

Em nova demonstração de que o Estado brasileiro é controlado pelo imperialismo, que a cada dia intensifica o cerco ao governo Lula, as Forças Armadas Brasileiras, junto das forças armadas de sete outros países, incluindo Estados Unidos e Espanha, reuniram-se em Georgetown, capital da Guiana, para participar de um exercício militar conjunto. Conforme admitido pelo jornal golpista O Globo, um dos porta-vozes do imperialismo no Brasil, o exercício foi uma ameaça à Venezuela, em relação à reivindicação legítima dos venezuelanos sobre Essequibo.

Eleições também ocorreram no Suriname, país igualmente vizinho da Guiana. São as primeiras eleições desde que foram descobertas no país reservas de petróleo em águas profundas, a cerca de 150 quilômetros da costa, reservas estas que se estima possuírem mais de 750 milhões de barris de petróleo. 

Conforme informado pelo jornal Brasil de Fato, o Suriname já se prepara para iniciar a exploração dessa reserva energética por meio de sua estatal Staatsolie. A exploração deve começar em 2028 e o desenvolvimento será conduzido pela TotalEnergies, monopólio imperialista francês.

Assim como acontece na Guiana, cuja exploração do petróleo desde 2015 fez o PIB do país crescer 43,6% em 2024, em que pese a exploração ser feita pelas petroleiras imperialistas, o petróleo do Suriname será explorado. Enquanto isso, o imperialismo, através do Ibama e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vem impedindo a exploração do petróleo brasileiro na Margem Equatorial sob o pretexto de preservar o meio ambiente, uma sabotagem ao desenvolvimento nacional do País.

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Last Update: 26/05/2025